Criar uma dramaturgia focada no resgate do passado glorioso do continente ancestral, a resistência negra organizada em Quilombos, na África e nas Américas, demonstrando como o modelo de unidade dos Quilombos e estratégia militar, poderia ter frustrado a invasão europeia. Esse é o pano de fundo para o espetáculo “A Desmontagem da Escravidão”, que circulará por espaços populares do Rio de janeiro, no mês de novembro. As apresentações serão nos dias 20, 21 e 22 de novembro. Já no dia 30 de novembro, o espetáculo fará apresentação no evento de encerramento das atividades de 2024, no Quilombo Aquilah.
A ideia do projeto é trazer mais informações sobre a história da África e das suas diásporas, dado que muitos informes estão em língua estrangeira, uma estratégia de impedir o acesso que é barrado pelo idioma português. O Brasil é a maior diáspora negra e possui, inclusive, a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria. Segundo o dramaturgo e ator, Paulo Mileno, os objetivos da peça são resgatar a potência da resistência quilombola, a magia da ancestralidade, transformar a história e empoderar a população da zona oeste e das favelas.
“É uma alegria integrar um espetáculo que bebe na fonte do teatro popular, do terreno híbrido com a mistura de linguagens artísticas sempre com foco no brincante. E pela importância de dialogar com o público adolescente buscando, através da ótica de personagens uma Rainha e um Rei negros, revisitar o período da Escravidão dos povos africanos honrando os passos dos nossos ancestrais e buscando uma atitude mais consciente e coerente dos fatos para possibilitar a edificação da autoestima e a construção do presente e do futuro com dignidade, valorização e preservação da nossa memória” – Aisha Jambo.
Contemplado no Edital “Fazendo Arte RJ”, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, a circulação de “A Desmontagem da Escravidão” já realizou 20 apresentações em escolas estaduais, unidades socioeducativas, ONGs e bibliotecas públicas.
“Para provocarmos a imaginação dos alunos, pediremos para que olhem para as imagens do retroprojetor no telão que revelam como a África é bem maior que a Europa. Com seus diversos Reinos e Impérios, poderia ter engolido a Europa se houvesse unidade. As fotos dos Castelos ainda de pé, dos Palacetes e das ruínas das Muralhas e Fortalezas Africanas, serão exibidas no telão durante esse momento de elucidação do conflito da dramaturgia”, explica Paulo Mileno.
Essa atividade será a revisão da ruptura histórica, onde revela uma forma de se ter evitado a colonização africana e consequentemente a escravização dos povos africanos e afrodescendentes, retomando os destinos através da magia efêmera do Teatro.
Paulo Mileno reforça ainda que o espetáculo se direciona para as áreas culturais e territórios onde o público possa ser despertado por narrativas contra hegemônicas e assim se identifique num tema que remeta à sua representatividade e corporalidade, contribuindo com o movimento de busca pela construção identitária local e expressão territorial.
“Nesse acerto de contas com a história, devemos fazer um acerto de contas com a narrativa também. O que os europeus fizeram na África e Américas foram invasões e genocídio. Colonizar é povoar e transferir cultura”, finaliza.
Sobre Aisha Jambo
Aisha Jambo é uma das melhores atrizes de sua geração. Para além de seu talento e beleza, Aisha vem fazendo vanguarda na representatividade na mídia, desde o seu primeiro trabalho no cinema, com o primeiro filme de maior elenco negro de estrelas da história da retomada do cinema brasileiro, o premiado longa Orfeu, que foi dirigido pelo consagrado cineasta Cacá Diegues. Neste ano, Aisha participou do especial ‘Hoje é dia das crianças’ na Globo. A atriz também está no ar com a reprise de O Rico e o Lázaro (Record), além de Alma Gêmea e Cabocla (Globo).
Em seu primeiro papel na televisão, Aisha Jambo interpretou a personagem Naomi, no seriado Malhação, da TV Globo. Aisha deu vida a diversos personagens na televisão, ao exemplo dos sucessos como Cabocla (Globo), Alma Gêmea (Globo), Os Dez Mandamentos (Record), O Rico e Lázaro (Record) e interpretou a personagem protagonista da série Natália (TV Brasil).
Entre os seus principais prêmios e indicações de reconhecimento na indústria, destacamos sua indicação como Melhor Atriz Coadjuvante na 11ª edição do Prêmio SESI-SP de Cinema pelo filme Alemão; no Troféu Raça Negra pela personagem Ritinha da novela Cabocla e no Festival de Tamoios por Neguinho.
Aisha foi premiada como Melhor Atriz com o curta Dias e Dias, no X Festival do Audiovisual de Campina Grande (PB) e Melhor Atriz Coadjuvante com o curta Neguinho nos festivais RIBACINE – Festival de Cinema de Rio Bonito (AC), CURTA SUZANO – Mostra de curta-metragem do Alto Tietê, FESTIVAL GUARNICÊ de CINEMA – UFMA, FESTIVAL de CINEMA de MURIAÉ e NOIA – Festival do Audiovisual Universitário.
Sobre Paulo Mileno
Paulo Mileno é um multi-artista. Escritor, ator, diretor e produtor cultural que vem realizando trabalhos de repercussão nacional e internacional. Ele é co-autor da obra The Routledge Handbook of Africana Criminologies (2021) publicada pela Routledge Taylor & Francis Group, sendo o único escritor brasileiro participante desse livro.
Como ator, no cinema participou dos premiados 5 x Favela, Agora Por Nós Mesmos, Muitos Homens Num Só e A Divisão. Na televisão, participou da primeira temporada da série Stella Models, dirigida por Samir Abujamra, exibida no Canal Brasil, e da primeira temporada da série A Divisão, exibida na Globoplay. É o único ator negro do Canal Ventilador no Youtube. Recentemente, atuou na série que é sucesso absoluto de público e crítica, Top 1 na Globoplay, O Jogo que Mudou a História, produção da Afroreggae Audiovisual e dirigida por Heitor Dhalia, cineasta brasileiro com trabalho realizado em Hollywood.
Idealizou, produziu, atuou e dirigiu o cine teatro Quilombismo Em Tempos de Guerra! e se lançou como roteirista, diretor e produtor do documentário Encruzilhada Entre Terreiro e Quilombo em Jacarepaguá: Ressignificação Civilizatória no Sertão Carioca.
Mileno também é colaborador do Observatório da Imprensa de SP, Jornal do Brasil, Brasil de Fato, Efigênias, Black History Month (Londres – Inglaterra), Black Star News (New York – Estados Unidos), New York Amsterdam News. The New Black View (New York – Estados Unidos). San Francisco Bay View National Black Newspaper (San Francisco – Estados Unidos), Ufahamu: A Journal of African Studies da Universidade da Califórnia, UCLA (Los Angeles – Estados Unidos), e Africa Business (Cidade do Cabo – África do Sul).
SERVIÇOS:
Espetáculo A Desmontagem da Escravidão
Teatro Gonzaguinha – R. Benedito Hipólito, nº125 – Centro,
Dias 20,21 e 22 de novembro, às 19h
Quilombo Aquilah – Estrada do Portela, nº 446 – Oswaldo Cruz
Dia 30 de novembro às 19hs.
FICHA TÉCNICA:
Idealização, produção executiva, dramaturgia, pesquisa e elenco: Paulo Mileno
Elenco: Aisha Jambo
Copy Desk e Cenário: Sueli de Carvalho
Direção, Visagismo e Caracterização: Alex Palmeira
Figurino e acessórios: Abafu
Audiodescrição: Damu Shiva
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
Social Media: Pérola Morena
Design Gráfico: TAWeb Soluções Digitais – identidade visual
Iluminação, Fotografia, Filmagem e Edição: Patrick Lima
Produção: Nelson Neto
Co Produção: Jambo Produções Artísticas
Realização: Mpumelelo Kwami e Jambo Produções
Apoio:
Escola da Cultura RJ
Centro de Artes Calouste Gulbenkian
Instituto de Pesquisas e Estudos Afro Brasileiros
Abafu Cultura e Movimento
Patrocínio:
Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Ministério da Cultura, Governo Federal.