Quatro aldeias do estado de Benue foram alvo de investidas armadas no sábado à noite; região é marcada por conflitos recorrentes entre pastores nômades e agricultores locais
Pelo menos 23 pessoas morreram no sábado à noite (10) em uma série de ataques coordenados contra quatro aldeias no estado de Benue, região central da Nigéria. A informação foi confirmada neste domingo (11) por Anthony Abah, representante local da Cruz Vermelha, à agência AFP.
Segundo Abah, os ataques ocorreram em zonas rurais dos distritos de Ukum, Logo, Guma e Kwande — áreas frequentemente marcadas por disputas violentas entre comunidades de pastores nômades e agricultores sedentários. “Relatórios do terreno confirmaram que pelo menos 23 pessoas foram mortas em vários ataques”, declarou o oficial humanitário, acrescentando que outras vítimas ficaram feridas, mas ainda não há um número definitivo de feridos.
O balanço preliminar indica oito mortos em Ukum, nove em Logo e três em Guma e Kwande, respectivamente. As autoridades locais ainda apuram a autoria dos ataques, embora a suspeita recaia sobre grupos armados envolvidos em conflitos fundiários e étnico-religiosos.
Embora confrontos por terra sejam uma constante na região do chamado Cinturão Médio da Nigéria, a escalada da violência em Benue — um dos epicentros desses embates — preocupa organizações humanitárias. Os conflitos costumam envolver pastores nômades, em sua maioria do grupo étnico Fulani (ou Fula) e de religião muçulmana, e agricultores cristãos, ampliando a complexidade dos confrontos com elementos étnicos e religiosos.
A porta-voz da polícia estadual informou que a corporação ainda não foi oficialmente notificada sobre os ataques, o que revela possíveis falhas de comunicação ou subnotificação em áreas de difícil acesso.
Os ataques mais recentes ocorreram em locais que já haviam sido alvo de violência no mês passado, quando 56 pessoas foram assassinadas. Já no início de abril, o estado vizinho de Plateau foi palco de uma das ações mais mortais do ano: dois ataques consecutivos deixaram mais de 100 mortos, também atribuídos a grupos armados não identificados.
A crescente pressão sobre as terras disponíveis para agricultura e pecuária — agravada pelas mudanças climáticas, expansão populacional e ausência do Estado — tem alimentado uma espiral de violência no centro da Nigéria. Sem uma política eficaz de mediação de conflitos fundiários e de proteção às comunidades, analistas temem que o ciclo de ataques continue a se intensificar.
Por Redação