58 trilhões de dólares estão em risco devido à degradação desses ecossistemas
A água doce é um dos principais elementos para a sobrevivência humana na Terra, necessária não apenas para o consumo, mas também para a manutenção da natureza. O uso irracional deste recurso, no entanto, tem um preço. De acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira, 16, pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), 57,8 trilhões de dólares estão ameaçados pela degradação da água e dos ecossistemas de água doce.
O valor, equivalente a 60% do PIB global, foi calculado com base em perdas diretas e indiretas provocadas pela destruição desse recurso. As diretas, como uso na industrias, nas residências, nas hidrelétricas e na agricultura somam 7,5 trilhões. Os outros 50 trilhões são compostos por prejuízos indiretos, como saúde do solo, biodiversidade e eventos extremos como secas e inundações.
Esses riscos já se refletem em números. Desde 1970, um terço das áreas úmidas do planeta foram perdidas e as populações dos animais selvagens de água doce caíram 83%. No Brasil, a seca que assola a região norte já afeta grande parte dos corpos d’água, enquanto o rio Amazonas, o mais extenso do mundo, tem sua biodiversidade ameaçada pelos rejeitos da mineração ilegal.
Para que essa destruição seja freada e eventualmente mitigada, os relatores pedem os governos, empresas e instituições aumentem o investimento em infraestrutura hídrica sustentável e lutem ativamente contra a degradação de rios, lagos, zonas úmidas e aquíferos.
Uma iniciativa liderada por diversos governos visa restaurar 300 mil quilômetros de rios e 350 milhões de hectares de áreas úmidas até 2030. Chamada de Freshwater Challenge, essa pode ser uma das iniciativas adotadas pelo setor público. O setor privado, por outro lado, pode se unir em uma ação coletiva de proteção a esses ecossistemas.
Por Luiz Paulo Souza