ENTENDA POR QUE A ESCOLHA DA ARÁBIA SAUDITA PARA A COPA DE 2034 ESTÁ CERCADA DE POLÊMICAS

Decisão é marcada por acusações de sportswashing, violações de direitos humanos e danos ambientais

A confirmação pela Fifa de que a Arábia Saudita sediará a Copa do Mundo de 2034 provocou uma onda de críticas internacionais. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (11), reacendeu debates sobre violações de direitos humanos, exploração ambiental e a crescente influência saudita no esporte global. A notícia foi originalmente divulgada pela BBC Sport e repercutida pela Folha.

Desde que a Austrália desistiu de concorrer devido ao prazo apertado imposto pela Fifa, a candidatura saudita passou a ser vista como inevitável. A oficialização ocorreu durante uma reunião virtual do Congresso da Fifa, mas críticos apontam falhas graves no processo, considerado pouco transparente e altamente politizado.

Especialistas destacam a proximidade entre o presidente da Fifa, Gianni Infantino, e autoridades sauditas. A Arábia Saudita sediou o Mundial de Clubes da Fifa em 2023 e mantém contratos milionários com a petrolífera estatal Aramco. Além disso, o Fundo de Investimento Público Saudita (PIF) ampliou sua presença no esporte, adquirindo clubes de futebol e assinando acordos lucrativos.

Protestos e reações internacionais

Entidades como a Anistia Internacional alertaram que o torneio pode agravar a situação de trabalhadores migrantes e minorias no país. “Os torcedores que planejam viajar para a Arábia Saudita em 2034 devem estar cientes de que este é um país onde exercer liberdades básicas pode levar à morte”, afirmou a ONG.

A Federação de Futebol da Noruega acusou a Fifa de ignorar suas próprias diretrizes de governança, enquanto a federação alemã prometeu trabalhar para que melhorias sejam implementadas. Para muitos analistas, a decisão reforça a imagem de uma Fifa disposta a negociar seus valores por interesses financeiros.

Sportswashing e um histórico sombrio

A Arábia Saudita é acusada de usar grandes eventos esportivos para melhorar sua imagem global, prática conhecida como sportswashing. O país enfrenta denúncias de repressão contra ativistas, criminalização da homossexualidade e execuções em massa. Em 2024, mais de 300 pessoas foram executadas, um número recorde.

Em resposta às acusações, o ministro dos Esportes saudita, príncipe Abdulaziz bin Turki Al Faisal, afirmou que a Copa será um motor de transformação: “Estamos comprometidos com mudanças para um futuro melhor.”

Impacto ambiental e infraestrutura controversa

A candidatura prevê a construção de 15 estádios, incluindo oito ainda não iniciados e três que sequer saíram do papel. A cidade futurista de Neom será uma das sedes, mas ativistas ambientais alertam para os riscos de um projeto dessa magnitude em uma região desértica.

A necessidade de sistemas de refrigeração para suportar temperaturas superiores a 40°C gera preocupações ambientais significativas. A Fifa enfrenta questionamentos sobre sua responsabilidade ambiental após alegar falsamente que a Copa de 2022, no Catar, seria “neutra em carbono”.

Um legado incerto para o esporte

A decisão de sediar a Copa na Arábia Saudita reflete a ascensão do Oriente Médio como centro de poder esportivo. Após a controversa Copa de 2022 no Catar, a escolha saudita expõe novamente a Fifa a acusações de corrupção e negligência ética.

Para muitos, a decisão compromete a integridade do futebol e mancha a imagem do principal evento esportivo do planeta. A próxima década será decisiva para mostrar se a Copa de 2034 representará um marco de progresso ou mais um capítulo controverso na história do esporte global.

Por Brasil 247

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