ENTENDA COMO FUNCIONOU O SUPOSTO ESQUEMA DE DESVIO DE DINHEIRO DE CESTAS BÁSICAS NO TOCANTINS

Entre 2020 e 2021, estado pagou quase R$ 5 milhões em contratos investigados. Operação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ); governador Wanderlei Barbosa, os filhos dele e a primeira-dama estão entre os alvos de busca.

A Operação Fames-19, conduzida pela Polícia Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), investiga contratos do governo do Tocantins relacionados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2021. A suspeita é que, dos quase R$ 5 milhões pagos para a aquisição de pelo menos 1,6 milhão de cestas básicas, nem todas foram entregues à população.

Os contratos foram feitos sem licitação devido ao estado de emergência estadual. Na quarta-feira (21), o governador Wanderlei Barbosa, seus filhos, e a primeira-dama Karynne Sotero foram alvos de buscas, juntamente com outros políticos e empresários. A investigação sobre os supostos desvios começou com a Polícia Civil do Tocantins em 2022, e levou ao bloqueio de bens e afastamento de servidores da Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas).

A investigação, que inicialmente ocorreu na Polícia Civil, foi transferida para o STJ após um relatório apontar que Wanderlei Barbosa teria recebido R$ 5 mil de um empresário investigado. O STJ assumiu a competência do caso após descobrir indícios de pagamentos indevidos a políticos.

Os contratos, supostamente feitos durante o governo de Mauro Carlesse, foram executados com Wanderlei Barbosa como vice-governador. Carlesse, afastado do cargo em 2021, não é investigado atualmente, mas a distribuição das cestas básicas gerou repercussões eleitorais, com Carlesse sendo considerado inelegível temporariamente, decisão posteriormente revogada pelo TRE.

A Operação Fames-19 cumpriu 42 mandados de busca e apreensão, e outros alvos incluem Léo Barbosa, deputado estadual, e Rérison Castro, ex-secretário e atual superintendente do Sebrae Tocantins. A Polícia Federal não detalhou a participação específica de cada um, mas a primeira-dama expressou espanto por ser alvo da operação, alegando não ter envolvimento no processo investigatório. Léo Barbosa declarou que prestou todos os esclarecimentos e continua colaborando com as investigações.

O governo do Tocantins afirmou que está colaborando com a operação e deseja o esclarecimento dos fatos. Mauro Carlesse e Karynne Sotero também se manifestaram, reafirmando a ausência de envolvimento e confiança na Justiça. A operação recebeu o nome “Fames-19”, em referência à insegurança alimentar causada pela pandemia e ao ano em que o vírus foi identificado.

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