O mineiro de Itabira é conhecido por sua habilidade única de capturar a complexidade da vida humana e da sociedade em seus versos
No dia 31 de outubro de 1902, nascia um dos nomes mais icônicos da literatura brasileira e mundial, Carlos Drummond de Andrade. Este grande poeta, cronista e contista brasileiro deixou um legado literário que continua a inspirar gerações e a conquistar corações com sua poesia reflexiva, profunda e acessível.
Carlos Drummond de Andrade, nascido em Itabira, Minas Gerais, é conhecido por sua habilidade única de capturar a complexidade da vida humana e da sociedade em seus versos. Seu estilo literário se caracteriza pela simplicidade aparente, que esconde profundas reflexões sobre temas como o amor, a passagem do tempo, a política e a existência humana.
Carlos Drummond de Andrade foi um autor extremamente prolífico ao longo de sua carreira e produziu diversas obras notáveis. Alguns de seus livros e coletâneas mais importantes incluem:
“Alguma Poesia” (1930): Este é seu livro de estreia e marcou o início de sua carreira literária. A obra apresenta uma poesia mais leve e lírica, com elementos modernistas.
“Sentimento do Mundo” (1940): Neste livro, Drummond aborda temas políticos e sociais, além de questões existenciais. Ele reflete sobre a Segunda Guerra Mundial e a situação global da época.
“Claro Enigma” (1951): Uma das obras mais influentes de Drummond, este livro é conhecido por sua poesia introspectiva e reflexiva. Aborda questões filosóficas, a passagem do tempo e as contradições da vida.
“A Rosa do Povo” (1945): Este é um dos livros mais celebrados de Drummond e aborda temas como a guerra, o amor, a solidão e a política. É considerado uma obra-prima da poesia brasileira.
“O Câncer” (2000): Publicado postumamente, este livro reúne poesias escritas por Drummond durante seu tratamento contra o câncer. Reflete sobre a doença e a proximidade da morte.
“Poesia Completa” (1964): Esta é uma coletânea abrangente de toda a obra poética de Drummond até a época. É uma referência importante para estudiosos e amantes da poesia do autor. Confira, abaixo, um de seus poemas mais conhecidos:
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos, ser gauche na vida
As casas espiam os homens
Que correm atrás de mulheres
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A tarde talvez fosse azul
Não houvesse tantos desejos
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O bonde passa cheio de pernas
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Pernas brancas, pretas, amarelas
Para que tanta perna, meu Deus? Pergunta meu coração
Porém, meus olhos
Não perguntam nada
O homem atrás do bigode
É sério, simples e forte
Quase não conversa
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos e do bigode
Meu Deus, por que me abandonaste?
Se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco
Mundo, mundo, vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução
Mundo, mundo, vasto mundo
Mais vasto é meu coração
Eu não devia te dizer
Mas essa Lua
Mas esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo