EM 12 POSTS E 4 HORAS, TRUMP E MUSK ENTERRAM AMIZADE COM ATAQUES PÚBLICOS E ACUSAÇÕES EXPLOSIVAS

O que parecia ser uma aliança poderosa entre dois dos homens mais influentes do mundo desmoronou em poucas horas e diante de milhões de internautas. Na última quinta-feira, 5 de junho, entre 12h20 e 17h09 (horário de Brasília), o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o bilionário Elon Musk trocaram farpas em tempo real nas redes sociais. Foram apenas 12 postagens — metade delas feitas por Musk — suficientes para decretar o fim de uma relação construída com dinheiro, influência e ambições políticas.

De cheques milionários ao jogo de poder

A parceria começou em 2024, quando Musk doou aproximadamente US$ 288 milhões para a campanha presidencial de Trump, impulsionando a candidatura republicana. A expectativa de que o governo Trump favorecesse a Tesla fez as ações da empresa dispararem. Musk, por sua vez, foi convidado informalmente a liderar um novo órgão do governo, o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Popularidade em queda e um projeto polêmico

Com o passar dos meses, no entanto, a participação política cobrou seu preço. A imagem pública de Musk começou a desgastar-se, especialmente após seu apoio a partidos da extrema-direita na Europa. A Tesla viu queda nas vendas e o empresário deixou o DOGE com promessas não cumpridas.

A gota d’água foi um novo projeto de lei batizado de “One Big Beautiful Bill”, aprovado pela Câmara dos Representantes, que prevê cortes de impostos, aumento de gastos com defesa e imigração — e um impacto de mais US$ 3,8 trilhões na já alta dívida federal dos EUA. Musk, crítico do pacote, classificou a medida como “gorda e feia”.

O rompimento ao vivo e a cores — minuto a minuto

Confira a cronologia (em horário de Brasília) da ruptura que tomou conta do X (antigo Twitter) e da rede Truth Social:

  • 12h20 – Musk resgata um tweet de Trump, de 2013, em que o então empresário criticava o teto da dívida: “Sou republicano e estou envergonhado.”
  • 12h46 – Outro post antigo vem à tona: Trump afirmava que nenhum congressista deveria ser reeleito se o orçamento tivesse déficit.
  • 13h06 – Trump reage dizendo estar “muito decepcionado” com Musk, que “sabia do projeto” e só reclamou após o corte nos subsídios a carros elétricos.
  • 13h19 – Musk rebate criticando a manutenção de subsídios ao petróleo e gás, chamando isso de “muito injusto”.
  • 13h25 – “Nunca vi esse projeto”, afirma Musk, dizendo que o texto foi aprovado “às escondidas, no meio da madrugada”.
  • 13h46 – Musk afirma que foi decisivo na vitória eleitoral de Trump: “Sem mim, ele teria perdido.”
  • 14h49 – Musk pergunta: “Onde está o Trump de 2012? Esse foi substituído por um dublê?”
  • 14h57 – O empresário sugere a criação de um novo partido político nos EUA. Um levantamento feito por ele no X mostrou 81% dos votos favoráveis.
  • 15h16 – “Trump tem só mais 3,5 anos de mandato… Eu ainda estarei por aqui por mais 40 anos”, dispara Musk.
  • 15h37 – Trump contra-ataca dizendo ter pedido a saída de Musk do governo e promete cortar todos os contratos federais ligados ao empresário.
  • 15h47 – Musk chama as declarações de “mentira”.
  • 16h10 – A bomba: Musk menciona, sem apresentar provas, que Trump aparece nos arquivos de Jeffrey Epstein, o financista condenado por tráfico sexual de menores.
  • 17h09 – Como resposta à ameaça de rompimento de contratos, Musk anuncia o descomissionamento imediato da cápsula Dragon, da SpaceX.

Reflexos no mercado e na política

A briga não ficou apenas no campo das palavras. No mesmo dia, as ações da Tesla caíram 14%, marcando a pior baixa desde os primeiros meses da pandemia de Covid-19. Trump afirmou que irá suspender contratos e subsídios públicos a empresas ligadas a Musk, o que pode representar prejuízos de bilhões de dólares.

Além disso, o embate expõe uma cisão na base republicana. Enquanto Musk flerta com uma alternativa centrista, Trump mantém o discurso populista e polarizador. O projeto de lei, que deve ser revisado e votado no Senado em julho, promete acirrar ainda mais os ânimos.

O que vem por aí

  • Senado em foco – O “One Big Beautiful Bill” segue agora para votação no Senado, com expectativa de ajustes para evitar o aumento da dívida.
  • Republicanos divididos – O racha entre o trumpismo e os novos liberais tecnológicos, representados por Musk, pode redesenhar o partido.
  • Futuro de Musk em risco – Resta saber se contratos com Tesla e SpaceX sobreviverão à ira de Trump.
  • Nova sigla política? – Musk volta a levantar a bandeira da criação de um novo partido de centro, mirando os eleitores cansados da polarização.

Mais do que um rompimento pessoal

O fim da parceria Trump–Musk revela mais do que um desentendimento entre dois egos inflados. Representa o embate entre modelos distintos de política e gestão econômica — um calcado em populismo e outro em eficiência tecnocrática. Com reflexos no mercado financeiro, na política dos EUA e no debate global sobre o papel das big techs, esse embate ainda promete novos capítulos.

Por Redação Gazeta Rio

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