Linha fina – Niterói ficou abaixo da média do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) medido pelo Governo Federal, apesar do gasto milionário no setor nos últimos 12 anos, durante os governos de Rodrigo Neves e Axel Grael
O IDEB divulgado semana passada pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apresentou um quadro desanimador para Niterói.
A rede municipal de educação de Niterói, que tem um dos maiores orçamentos do estado para o setor (872 milhões de reais em 2024), alcançou números muito baixos, apresentando queda acentuada na qualidade do ensino fundamental.
Segundo dados oficiais do município, Niterói é a cidade que mais que mais gasta na educação por aluno. Em 2019, foram R$18.649,83 por ano, por aluno. Mais que o dobro da média nacional (R$7.662,13). Em 2024, a estimativa é de um gasto de R$ 2,6 mil por mês por aluno. Esse valor é maior do que a mensalidade de escolas particulares tradicionais da cidade, como, por exemplo, o Salesianos de Santa Rosa ou o São Vídeo Paulo, de Icaraí.
Infelizmente, todo esse gasto não se transformou em qualidade. Nesse último levantamento, Niterói, sob a administração do prefeito Axel Grael, ocupa a 72ª colocação entre os 92 municípios do estado quando falamos dos anos finais e a 68ª posição nos anos iniciais do ensino fundamental.
Nos anos iniciais a nota de Niterói caiu de 5,6 para 5, enquanto nos anos finais caiu de 5 para 3,9. A nota média do Brasil subiu no último IDEB.
Segundo a professora e ex-secretária de Educação da cidade do Rio de Janeiro, Claúdia Costin, há problemas visíveis na condução da política educacional na cidade.
– É muito triste a situação de Niterói, tanto do ponto de vista do orçamento, quanto do ponto de vista da renda per capita da cidade. Não basta gastar em Educação. É preciso saber como esse gasto acontece. É fundamental que haja um monitoramento da aprendizagem – afirmou Costin.
Escolas degradadas, má qualificação dos professores e a falta de monitoramento estão entre as maiores reclamações de pais e alunos da rede municipal.
– Tenho dois filhos e a escola onde estudam está em péssimo estado de conservação e já houve até uma infestação de ratos. Isso, sem contar que sempre há falta de professores. Os últimos governos dizem que investem na Educação, mas não vemos para onde esse dinheiro está indo – contou a manicure Alba Valéria de Mattos, moradora do Barreto.
Para mudar a situação atual serão necessárias grandes mudanças nas práticas do setor.
– Fazer avaliações a cada dois meses para identificar quais alunos não estão aprendendo e encaminhá-los para um reforço escolar. Observar quais escolas estão apresentando um desempenho inferior a outras da mesma região e ver o que está acontecendo com a gestão dessa escola. Além disso, investir na formação de professores voltada para a prática e avançar no ensino integral – foram algumas das sugestões dadas por Costin.
No início do ano letivo de 2024 cerca de 3 mil crianças niteroienses ficaram sem vagas na rede municipal.