Prof. Eder Rodrigues
Caymmi perguntava cantando: “Pra que trabalhar?” Daí, fixou-se a mania de chamar o baiano em geral de “malandro”, condição esta já devidamente apostrofada pelos sambistas cariocas.
O trabalho, aliás, primeiro, carregava consigo a pecha e o preconceito de só ser considerado como tal se braçal (com rima e tudo!), não podendo nunca ser qualquer fonte de algum prazer!
Desse modo, embora garantisse, com seu canto estival, a motivação prazerosa para a formiga trabalhar braçalmente, a cigarra foi deixada para morrer de fome, no inverno…
Depois, o sistema capitalista sequestrou o trabalho do operário, amaldiçoando-lhe com a mais-valia e fazendo dessa exploração o seu, do “empresário” (sic), “trabalho” (gulp!).
Assim, veja, meu caro professor, por que você ganha tão mal: ora, você não “trabalha”!… Sua atividade, transformada, como qualquer outra liberal, em simples mercadoria, teve sempre, por isso, seu preço aviltado.
Por outro lado, saibamos todos que o recentemente falecido sociólogo italiano De Masi defendia ser o “malandro” o sal da terra, pois, segundo ele, “pensar é muito mais importante do que trabalhar”!…
Enfim, certo é que, no mundo ideal do futuro, ainda de acordo com o citado cientista, tudo o que não envolver CRIATIVIDADE será feito por máquinas, o que fatalmente redundará na plena libertação do homem!…
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