A Prefeitura de Itaguaí está envolvida em uma controvérsia devido aos altos salários pagos a alguns servidores públicos. Entre os casos mais notáveis estão os cuidadores sociais, agentes de trânsito e técnicos de enfermagem, cujos salários chegam a ser até sete vezes maiores do que os de colegas com cargos semelhantes na mesma instituição.
A discrepância salarial média é de 254% em oito categorias analisadas. Um exemplo notável é o de agentes de trânsito, cuja média salarial é de R$ 3.979,06. No entanto, há registros de um servidor recebendo R$ 29.200,02, um valor 633% superior à média da função. Outros agentes recebem R$ 15.460,24 e R$ 7.101,47.
Para cuidadores sociais, que têm uma média salarial de R$ 2.698,46, um funcionário recebe R$ 19.012,52, uma diferença nominal de mais de R$ 16 mil, ou 612% acima da média. Entre técnicos de enfermagem, com uma média de R$ 3.713,51, alguns servidores recebem até R$ 17.336,17, 366% mais do que o valor médio.
Situações semelhantes ocorrem com técnicos de laboratório, cuja média é R$ 4.253,28, mas há um servidor recebendo R$ 9.353,10, uma diferença de 120%. Um marceneiro na Secretaria Municipal de Obras ganha R$ 9.059,60, 280% a mais do que a média de R$ 2.381,98 para a mesma função.
Auxiliares administrativos também apresentam discrepâncias, com salários de R$ 10.062,31 e R$ 8.184,56, valores 242% e 178% acima da média de R$ 2.936,69. Motoristas recebem R$ 8.157,57 e R$ 6.189,74, 148% e 88% acima da média de R$ 3.290,56, respectivamente. Até uma merendeira ganha 162% acima da média, com um salário de R$ 5.069,30 em comparação com a média de R$ 1.934,36.
A situação é agravada pelo princípio da irredutibilidade de vencimentos, que impede a redução dos salários, mesmo se considerados desproporcionais. A administração pública, portanto, não pode reduzir os salários, mantendo os valores altos pagos atualmente.
A gestão municipal argumenta que os altos salários estão amparados por leis municipais, que incluem benefícios como quinquênios, progressões de nível e auxílios diversos. Também afirma que a discrepância é comum em vários municípios do Rio e em órgãos públicos. As receitas provenientes dos royalties do petróleo ajudaram a inflar a receita da prefeitura. Medidas corretivas, como revisão de adicionais e exonerações de cargos comissionados, foram tomadas para controlar os gastos excessivos.