Um depoimento marcado por franqueza e alto impacto abalou até mesmo os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que mantêm simpatia por Jair Bolsonaro (PL). A jornalista Daniela Lima, da GloboNews, revelou nesta quinta-feira (22) que o ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) Carlos de Almeida Baptista Júnior impressionou integrantes da Primeira Turma da Corte durante seu depoimento prestado na quarta-feira (21), no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Até ministros simpáticos a Bolsonaro se mostraram surpresos com o teor da oitiva. O depoimento foi descrito como duro, franco e de um nível de detalhamento que “entregou tudo”. “A coisa está ficando bem grave”, comentavam ministros por meio de mensagens trocadas durante a sessão.Play Video
Baptista Júnior não poupou o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, ao relatar sua disposição em apoiar o golpe de Estado de Jair Bolsonaro para se manter no poder. O ponto alto do depoimento ocorreu quando o ex-comandante da FAB revelou ter se levantado e se recusado a analisar o documento entregue pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. O documento seria, segundo ele, uma minuta que explicitava o plano de ruptura institucional e tinha como objetivo impedir a posse do presidente Lula (PT).
A exposição direta e a clareza dos fatos colocaram a defesa de Bolsonaro em uma posição delicada, uma vez que o depoimento contraria a tese do ex-presidente de que a “minuta do golpe”, como ficou conhecida, se tratava apenas de “discussões jurídicas”.
Para ministros do STF com inclinação pró-Bolsonaro, o testemunho de Baptista Júnior é de gravidade incontornável e o relato torna ainda mais difícil dissociar a atuação de Bolsonaro da preparação de um golpe, já que demonstra como os comandantes militares entenderam as propostas como uma tentativa real de ruptura da ordem constitucional.
Por Guilherme Levorato – Brasil247