A ministra do Turismo, Daniela Carneiro (RJ), seguirá no primeiro escalão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao menos até a próxima semana. O União Brasil, partido do qual Daniela pediu desfiliação, tem pressionado o governo por uma mudança no comando da pasta.
Daniela se reuniu com Lula nesta quinta-feira (6/7), no Palácio do Planalto. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política, também participou da agenda. Após o encontro, que durou pouco mais de uma hora, era esperado um anúncio sobre a demissão da ministra.
Depois da reunião, o ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, disse que o Palácio do Planalto optou por esperar a conclusão de pautas consideradas importantes no Congresso Nacional para, então, voltar a discutir a permanência de Daniela no governo.
Nesta semana, o Parlamento tem analisado três pautas econômicas de interesse do governo: o arcabouço fiscal, a reforma tributária e o projeto que estabelece regra favorável ao governo no caso de empates em julgamentos no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf).
“Nós estamos vivendo um momento muito importante para o país, pela complexidade dos temas que estão sendo analisados e [o presidente] entende que o mais adequado, o melhor, é concluir esse processo de votações e só a partir da semana que vem se debruçar de forma mais aprofundada sobre esse assunto”, declarou Paulo Pimenta.
Durante o encontro desta quinta com o presidente Lula, havia uma expectativa para que Daniela entregasse sua carta de demissão do cargo de ministra, segundo informou o seu próprio marido, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, que é prefeito de Belford Roxo (RJ). Segundo Pimenta, nenhuma carta foi entregue.
“A ministra permanece à disposição do governo, desempenhando a sua função, e permanecerá nessa função enquanto o presidente entender. Não haverá nenhuma mudança no decorrer desta semana”, completou o ministro das Comunicações.
Pressão do União Brasil
Nas últimas semanas, ganhou força no Congresso Nacional o movimento para que Lula fizesse uma troca ministerial com o objetivo de abrigar aliados em busca de apoio no Parlamento, numa tentativa de construir uma base sólida no Legislativo e evitar novas derrotas.
Apesar de o União Brasil chefiar três pastas na Esplanada dos Ministérios (Turismo, Comunicações e Integração Regional), o partido tem sido contrário ao governo em votações importantes. O União argumenta que não se sente representado pelos chefes dos ministérios e tem pressionado por mudanças.
Para o lugar de Daniela, o partido indicou o deputado Celso Sabino (PA). Embora não tenha sido confirmado como novo ministro do Turismo, o parlamentar já tem atuado informalmente na área. Ele tem conversado com ex-ministros, reunindo dados e recebendo demandas do setor.
Amigo próximo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), Sabino está em seu segundo mandato como parlamentar. Em algumas ocasiões, durante a última legislatura, Sabino ficou próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chegando até a acompanhá-lo em viagens.
Por: Metrópoles