CRISE SEM PRECEDENTES: GOVERNO TRUMP REVOGA PERMISSÃO DE HARVARD PARA RECEBER ESTUDANTES INTERNACIONAIS

Por Ricardo Bernardes23/05/2025

Em uma medida drástica que acirra o confronto entre a administração Trump e uma das universidades mais prestigiadas do mundo, o governo dos Estados Unidos revogou, nesta quinta-feira, a certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio de Harvard. A decisão, anunciada por meio de uma carta assinada pela secretária do Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, impede Harvard de matricular estudantes estrangeiros com vistos F-1 e J-1 para o ano letivo de 2025-2026.

A decisão afeta diretamente mais de 6 mil estudantes internacionais atualmente matriculados na universidade, e vem apenas uma semana antes da cerimônia de formatura da turma deste ano. Segundo as normas do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), os estudantes internacionais atingidos pela medida deverão transferir-se para outra instituição, mudar seu status imigratório ou deixar o país.

A crise teve início em meados de abril, quando o governo Trump enviou uma exigência formal para que Harvard compartilhasse informações sobre as atividades de seus estudantes estrangeiros no campus, com ênfase na participação em protestos. Em resposta, a universidade entregou parte dos registros solicitados no dia 30 de abril, mas, segundo o Departamento de Segurança Interna, os documentos foram considerados “insuficientes” e não atenderam aos “requisitos simples” impostos pela agência.

Na carta enviada ao presidente interino de Harvard, Alan M. Garber, Noem acusa a universidade de fomentar um “ambiente hostil e inseguro” para estudantes judeus, afirmando que a instituição promove “simpatias pró-Hamas” e adota políticas de diversidade consideradas “racistas”. A secretária ainda aponta que Harvard ignorou uma segunda solicitação de registros, que incluía documentos em papel, gravações de áudio e vídeo e relatórios disciplinares dos últimos cinco anos envolvendo estudantes estrangeiros.

A revogação da certificação representa um golpe inédito à reputação internacional da universidade, conhecida por sua histórica contribuição à ciência, à política e à formação de lideranças globais. Além disso, marca uma escalada no uso político da pauta imigratória por parte da administração Trump, que tem adotado uma postura cada vez mais confrontadora em relação às universidades norte-americanas, especialmente as que têm se posicionado em defesa da diversidade e da liberdade de expressão.

Em comunicado reservado à imprensa, fontes próximas à reitoria de Harvard classificaram a medida como “arbitrária” e “perigosa para o futuro da educação internacional nos Estados Unidos”. Espera-se que a universidade recorra à Justiça para tentar reverter a decisão e garantir a permanência dos estudantes afetados.

A medida reacende o debate sobre o papel das instituições de ensino superior diante das pressões políticas e ideológicas e coloca em xeque os valores democráticos em um momento em que o país se prepara para mais um ciclo eleitoral polarizado.

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