O RJ2 flagrou algumas blitz da Operação Lei Seca sem poder remover veículos infratores, por conta da ausência de reboques no local. As empresas APL e Opção Ativa, que já prestaram serviço para o Detran, apresentaram suspeitas de irregularidades.
Uma crise entre o Detran, o Detro e as empresas de reboque APL e Opção Ativa está prejudicando o funcionamento regular da Operação Lei Seca no Rio de Janeiro. Nos últimos dias, o RJ2 flagrou agentes da Operação Lei Seca sem poder remover veículos infratores, por conta da ausência de reboques no local.
Nas imagens é possível ver agentes parados e motoristas sem precisar estacionar seus veículos para avaliação sobre o consumo de bebidas alcoólicas.
Questionado se a operação teve algum carro rebocado, um dos agentes disse que o serviço está prejudicado pela falta de reboques.
“Não, não teve, até porque não tá tendo reboque”, disse o agente.
Quem presta o serviço?
No fim de setembro, o Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) parou de comandar o reboque de carros nas operações do Detran. A decisão pela suspensão foi anunciada na CPI da Alerj que investigou supostas irregularidades na empresa APL, que foi contratada pelo Detro.
Desde então, os quatro depósitos do departamento deixaram de receber carros apreendidos no Rio. Antes mesmo da APL ser suspensa, a empresa Opção Ativa passou a ser vista nas operações do Detran.
A Opção Ativa tinha contrato com o município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Contudo, em outubro, o RJ2 mostrou que a empresa estava atuando de forma irregular em toda a Região Metropolitana.
A Opção Ativa levava os carros rebocados na região para o único depósito, em Duque de Caxias.
Vistoria encontra problemas
Depois das denúncias apresentadas no RJ2, uma comissão da Alerj esteve no depósito e relatou problemas.
“Os veículos foram encontrados sofrendo as condições e intempéries do tempo, causando verdadeiro sucateamento destes. Foi constatada a existência de tonéis de óleo diesel com vazamento”, dizia o documento.
Os deputados também informaram que o depósito armazenava irregularmente até 7,5 mil litros de combustível.
Diante do risco iminente de explosão no local, o pátio em Caxias foi interditado pelo Corpo de Bombeiros na quinta-feira (26).
Detran x Detro
A disputa entre as empresas pela prestação de serviços de reboque no Rio é parte de uma falta de entendimento entre Detran e Detro. Cada um dos órgãos vem defendendo uma das empresas. A situação foi exposta em uma troca de e-mails entre o Detran e o Detro.
No último dia 18, a Secretaria Estadual de Governo, que comanda a Operação Lei Seca, pediu ao Detro caminhões de reboque da APL, para apoiar a operação.
Ao chegar ao local da blitz, o motorista da APL foi impedido de trabalhar. O funcionário da empresa relatou a situação ao Detro.
Segundo ele, três caminhões da empresa Opção Ativa estavam no local para atendimento na mesma operação.
Assim que a coordenação do Detran tomou conhecimento que os reboques enviados pela APL estavam nas operações lei seca, foi enviada uma ordem para que os agentes do Detran não removessem os veículos.
Dois dias depois dessa confusão, o comando da Operação Lei Seca enviou novo e-mail dizendo ao Detro: “Favor desconsiderar as solicitações de apoio”.
Enquanto o governo não decide quem tem direito a remover os veículos apreendidos, o Rio fica sem os reboques na operação Lei Seca. Com isso, a atuação dos agentes nas ruas não é completa.
O que diz o Governo do RJ
Em nota, a Operação Lei Seca informou que todas as operações planejadas ao longo dos últimos dias transcorreram normalmente e sem qualquer impacto.
Segundo o órgão, eles não emitem multas e nem são responsáveis pelo reboque de veículos. E que esses serviços seriam feitos pelo Detran, no caso de algum motorista ser pego no teste do bafômetro.
Os gestores da operação também disseram que, em caso de o infrator não apresentar um segundo condutor, o reboque é realizado pelo Detro.
Por Anita Prado, Pedro Bassan, RJ2