Surgido na periferia de Belém, grupo questiona espaço elitizado da COP e cobra transparência de governos
Fazer com que a população seja ouvida e possa ajudar a tomar decisões que incidam nas políticas de enfrentamento às mudanças climáticas. Essa é a meta principal da COP das Baixadas, uma rede composta e construída por 18 organizações comunitárias e coletivos periféricos de Belém, capital do Pará, onde será a realizada a COP30 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025. O grupo surgiu no Coração dos Jurunas, bairro periférico de Belém reconhecido como um ponto de memória viva e de resistência.
“A nossa grande perspectiva para a COP30 é fazer com que a população se sinta inserida no debate climático, porque a gente sabe que esse debate não chega até os territórios periféricos. A gente tem uma responsabilidade muito grande enquanto COP das Baixadas também de trazer o acesso à informação, principalmente a transparência do que está acontecendo na cidade e que muitas vezes fica limitado a um determinado espaço, que é tomado por governantes ou secretarias. E que não fazem aquela informação sair de lá”, explica a engenheira ambiental Waleska Queiroz, em entrevista ao Programa Bem Viver.
Ela destaca que, no discurso, a COP30 tem sido comunicada como a COP da participação popular, mas a população de Belém, onde o evento será realizado, não tem sido envolvida. “Essas conferências ainda são muito elitizadas e excludentes. São conferências que não são feitas para a gente. E que a maioria das tomadas de decisão lá impactam diretamente no território, mas não consideram a nossa perspectiva nessa tomada de decisão”, reforça. Em fevereiro deste ano o grupo realizou o primeiro evento COP das Baixadas. Waleska faz parte da Rede Jandyras, integrante da COP das Baixadas, formada por 20 mulheres negras de Belém. “Mulheres diversas, com diversas profissões, em sua maioria da periferia de Belém e que também se classificam como mulheres negras. A gente tem essa importante atuação nesse sentido do gênero, da raça, da interseccionalidade, pautando o clima”, conta