Prof. Eder Rodrigues
A velhice chegou oferecendo-me apenas uma moeda inútil, pois tudo aquilo que o velho deseja comprar são todas coisas que não estão à venda senão para a juventude!
Ainda bem que pude encher a minha vida de artes e ciências e, com esse cabedal, vou adiando serenamente a cobrança do compromisso que todos temos com uma certa senhora encapuzada.
Desde cedo, por exemplo, a literatura trouxe para mim a possibilidade de estar numa festa como que perpétua, inteiramente feita de grandes emoções e pura beleza!
Assim, neste meu ocaso nada dramático, o doce escritor uruguaio Onetti abrandou-me a alma com a lição de que as pessoas de minha idade não podem nem precisam ser extraordinárias…
E, se percebo, hoje, que, velho, tudo o que amo é novo, aprendi com arte e ciência, se não entro nesse jogo de persegui-lo ingenuamente, que esse novo amado acaba por me chegar na forma de belezas e verdades eternas!
Respondendo, então, desse modo, ao mesmo Onetti, sobre “quem ensinaria aos mortos a atitude da morte”, sigo obtendo da vida, grato e feliz a meu modo, mais das atitudes dos vivos!…
Por fim, se não fosse pretensioso de minha parte imaginar que alguém pudesse ligar-se à minha pessoa, só gostaria de que esse alguém se desvencilhasse de mim… Até porque, um dia, eu mesmo terei de fazê-lo!…
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