Muitos dos fragmentos recuperados da superfície do asteroide Bennu contêm minerais que denotam o passado oceânico do mundo de onde ele veio.
Um estudo das amostras trazidas do asteroide Bennu pela missão OSIRIS-REx, da NASA, revelou descobertas surpreendentes. Muitos dos fragmentos contêm minerais que indicam um passado oceânico do asteroide. A pesquisa, liderada por Dante S. Laureta e Harold Connolly, identificou fosfatos e outros minerais alterados pela água nas rochas coletadas.
Os planetesimais formaram-se há 4,565 bilhões de anos, levando à criação de embriões planetários ricos em água. A maioria desses embriões foi destruída, formando os planetas rochosos do Sistema Solar. Alguns sobreviveram, como Ceres, que contém mais água que a Terra e é um futuro alvo de missão astrobiológica.
As amostras de Bennu contêm fosfato de magnésio e sódio, minerais comuns na crosta oceânica da Terra. Isso sugere que Bennu pode ter se separado de um mundo oceânico primitivo. Estudos da dinâmica orbital indicam que Bennu e o asteroide Ryugu são de uma grande família associada ao asteroide 142 Polana, formado pela fragmentação de um corpo parental maior no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.
Esses asteroides escuros refletem menos de 5% da luz solar e são responsáveis pelos meteoritos conhecidos como condritos carbonáceos, alguns hidratados. Bennu está sendo monitorado pelo programa SENTRY da NASA para encontros futuros com a Terra, sem riscos a curto prazo.
As amostras da OSIRIS-REx são cruciais para entender os processos iniciais de hidratação dos mundos do sistema solar e podem oferecer pistas sobre a origem da vida na Terra. A importância de missões de retorno de amostras é ressaltada, pois minerais delicados podem não sobreviver ao espaço ou à entrada na atmosfera terrestre.
*Josep M. Trigo Rodríguez é o pesquisador-chefe do Grupo de Meteoritos, Corpos Menores e Ciências Planetárias do Instituto de Ciências Espaciais da Espanha (ICE – CSIC).