COMISSÃO DE FRENTE DA VIRADOURO USOU FGO EM DESFILE COM “RISCO ZERO”

Uma das sensações do desfile da Unidos do Viradouro, a comissão de frente “brincou com fogo”, mas o risco de incêndio foi zero, explicou a escola.

A coreógrafa Priscilla Motta, uma das responsáveis pela performance, contou ao g1 como os bailarinos cruzaram a Avenida em segurança — todo o processo contou com uma consultoria do Corpo de Bombeiros do RJ.

Os segredos do espetáculo:

  • O tripé foi confeccionado com materiais não inflamáveis.
  • Os lança-chamas foram projetados para expelir as labaredas longe dos componentes e principalmente do público.
  • Os testes com fogo começaram há 3 meses. Os 15 bailarinos revezavam os ensaios com treinamento contra incêndios.
  • Dez extintores foram colocados em pontos estratégicos da estrutura.
  • Uma brigada com 6 bombeiros acompanhou o elemento cênico por toda a Sapucaí.
  • O casal de mestre-sala e porta-bandeira teve que manter uma distância ainda maior do que normalmente fica, para evitar que fagulhas atingissem as fantasias.

Um mês de ensaios rígidos

Wesley Torquato, que no ano passado “pilotou” a cobra gigante da mesma comissão de frente, esteve na linha de frente do fogo nesta segunda-feira (3).

“Quando a gente ensaiava, era tudo direcionado para que o fogo não chegasse perto”, afirmou.

Ed Vieira, outro integrante do módulo, contou que era possível sentir a emoção do público.

“Na hora do fogo, a gente ficava dentro do carro. A gente ouvia as pessoas gritando, e gritávamos junto”, disse Ed.

Chapéus voadores

Outro “ato” da comissão de frente foi com os “chapéus voadores”. Dentro dos acessórios, pequenos drones controlados de perto.

O maior desafio, contou Priscilla, foi a aerodinâmica. “Por causa das abas e do vento que batia. Mas ensaiamos muito e em todas suas condições climáticas”, disse.

O que significou a performance

A comissão foi intitulada Sobô Nirê Mafá. Narra o momento em que Malunguinho é ferido por um feitor, depois ajuremado — ou seja, curado pelos poderes da Jurema.

Os chapéus representam o momento que ele entra em transe e evoca os encantados da mata. Se torna, então, mestre juremeiro e recebe juremeiros. Com a volta do seu algoz, acontece uma batalha, desta vez espiritual. É neste momento que entra o fogo, quando Malunguinho queima o inimigo.

O enredo

Malunguinho foi João Batista, líder do Quilombo do Catucá no século 19, no Norte de Pernambuco. O quilombo era foco de resistência e viu Malunguinho ser duramente perseguido por seus atos libertários.

A figura histórica sobreviveu dentro do culto da Jurema Sagrada, considerada uma das primeiras cosmologias brasileiras. Tornou-se uma entidade religiosa afro-indígena, que se manifesta como Caboclo, Mestre e Exu/Trunqueiro — daí o apelido Mensageiro dos Três Mundos.

por G1

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