COM REJEIÇÃO A MILEI EM ALTA, OPOSIÇÃO ‘SAI DO ARMÁRIO’ E SE UNE À MULTIDÃO EM DEFESA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA

‘O aumento do índice de pobreza preocupa e é uma realidade na Argentina. Não uma assombração’, escreve a colunista Marcia Carmo

Ao incluir a universidade pública em suas metas de déficit zero no orçamento da nação, o presidente da Argentina, Javier Milei, conseguiu reunir a oposição contra seus planos. Nesta quarta-feira, uma multidão realizou uma manifestação contra o ajuste fiscal, a perda salarial e o veto anunciado por Milei a um aumento de financiamento para o setor. Historicamente, a universidade pública é um dos direitos mais respeitados na Argentina. Na manifestação, em frente ao Congresso Nacional, em Buenos Aires, estiveram o ex-ministro da Economia e ex-candidato presidencial, o peronista Sergio Massa, e representantes do braço jovem (e não tão jovem) do kirchnerismo, a organização La Cámpora. Da varanda do Instituto Pátria, sua base política, a ex-presidente Cristina Kirchner acenou para a multidão.

A passeata em defesa de mais recursos para as universidades públicas foi o motivo para a concentração da oposição ao governo Milei. Nos últimos dias, Cristina participou de encontros públicos na província de Buenos Aires, a maior do país e decisiva nas eleições argentinas. Surgiram especulações de que ela estaria preparando sua candidatura às eleições legislativas do ano que vem. Massa, por sua vez, também foi visto este ano, em abril, na primeira manifestação em defesa da universidade pública e contra o arrocho de Milei. Em abril, a passeata reuniu, principalmente, estudantes, professores e aqueles que, sem bandeira partidária, se manifestaram a favor das universidades públicas e contra a motosserra de Milei. Desta vez, além do kirchnerismo, líderes sindicais e outros representantes da oposição participaram da caminhada até o Parlamento. O presidente argentino diz que eles (opositores) são “o trem fantasma”. Milei foi eleito com cerca de 56% dos votos e hoje conta com cerca de 44% de apoio, segundo pesquisas de opinião. Quase dez meses depois do início do seu mandato, com ou sem “trem”, o aumento do índice de pobreza (que já era altíssimo e registrava 41% passou para 52,9%, sendo o mais alto em 20 anos) preocupa e é uma realidade. Não uma assombração.

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