COM PREVISÃO DE VERÃO CHUVOSO, REGIÕES DAS ZONAS NORTE E OESTE TÊM OBRAS CONTRA ALAGAMENTOS, ANUNCIA PREFEITURA DO RIO

Com recursos federais de quase R$ 1 bilhão, Eduardo Paes fala em prioridade em combater esses episódios recorrentes, em Plano Verão de 2024 / 2025

Em menos de dois meses, começa o verão. A Prefeitura do Rio anunciou, na manhã desta segunda-feira, obras na cidade para conter constantes inundações, prevendo volumes de chuvas acima da média para a estação. Os pontos de intervenção serão as regiões do Jardim Maravilha, em Guaratiba, e Realengo, ambos na Zona Oeste; além da Grande Tijuca, abrangendo a Bacia do Canal do Mangue, e de Acari, na Zona Norte. As obras têm recursos federais que chegam a R$ 1 bilhão. Se somadas ainda a finalização das que já estão em andamento e intervenções do programa Bairro Maravilha, com recursos municipais, o montante de investimento chega a R$ 1,5 bilhão.

— Essas quatro intervenções são em áreas da cidade que permanecem críticas. Bacia do Rio Acari, Jardim Maravilha, Realengo e ainda alguma área da Tijuca, apesar das intervenções nos últimos anos, que melhoraram muito (os alagamentos), mas essas áreas ainda não estão livres desses problemas caso aconteça um grande acumulado de chuvas nesse período de verão — disse Eduardo Paes, que trata como prioridade acabar com os alagamentos da cidade.

Nesta manhã, no Centro de Operações (COR), na Cidade Nova, a prefeitura reuniu representantes de órgãos e secretarias, como o secretário de Saúde Daniel Soranz, a secretária de Infraestrutura Jessik Trairi, o presidente da Rio Águas, Wanderson dos Santos, e o chefe-executivo do COR, Marcus Belchior.

Prefeitura do Rio apresenta o Plano Verão 2024/2025, com preparativos da cidade para a estação, que tende a ter alto volume de chuvas — Foto: Marcos de Paula / Prefeitura do Rio / Divulgação

Verão de novidades

O próximo verão será ainda o primeiro de operação do novo radar meteorológico do Mendanha, que faz a cobertura de radares chegar a 100% da cidade, complementando o já existente no Morro do Sumaré. E o primeiro, ainda, de aplicação dos protocolos de níveis de calor, que vão de 1 (nível de normalidade) a 5 (estágio mais crítico) que podem cancelar atividades e eventos conforme mais extremos.

Esses protocolos também preveem comunicação e alerta por parte da prefeitura à população. O aplicativo do COR, por exemplo, irá indicar “pontos de resfriamento” — como Naves do Conhecimento, Vilas Olímpicas e parques — para os cidadãos se dirigirem caso a cidade entre no nível de calor 4, o penúltimo deles. Nos locais, haverá sombra, água e banheiro

Super-radar começou a funcionar no Rio de Janeiro em 1 de março — Foto: Infográfico – Editoria de Arte

O novo radar meteorológico, capaz de detectar a formação de núcleos de chuva a 150 quilômetros de distância, está em operação na cidade, desde o último dia 1º de março, da Serra do Mendanha, na Zona Oeste. O equipamento, adquirido por R$ 6,8 milhões, cobre todo o município, o que antes não era possível com o instalado no Morro do Sumaré. As imagens das condições climáticas podem ser acompanhadas pala população, em tempo real, através do aplicativo COR.Rio.

De acordo com Raquel Franco, meteorologista-chefe do sistema Alerta Rio, a previsão é de que o próximo verão — ao menos em dezembro e janeiro, até onde a previsão abrange — tem probabilidade maior de chuvas acima da média. No entanto, a temperatura deve ficar dentro da faixa da estação do ano.

— No ano passado, a gente estava com um forte El Niño, fenômeno que afeta a temperatura das águas do (Oceano) Pacífico. Em anos de El Niño, as temperaturas do Pacífico ficam acima da média, e, em anos de La Niña, abaixo da média. Como nesse verão a gente tem previsão de La Niña ou de neutralidade, e esse fenômeno influencia principalmente nas temperaturas na região Sudeste, é provável que a gente não tenha um verão tao quente quanto o do ano passado — observa Raquel Franco.

A Defesa Civil possui, em atividade, 164 sirenes instaladas em 103 comunidades, e conta com 1.647 agentes comunitários e de vigilância em saúde capacitados para atuar em situações de desastres.

Obras em áreas prioritárias Grande Tijuca

Apesar dos piscinões já instalados na Praça da Bandeira, assim como nas praças Niterói e Varnhagen, na Tijuca, e o desvio do Rio Joana, ainda é preciso conter alagamentos na região, reconhece a prefeitura.

Por isso, entre as próximas intervenções está o desvio do Rio Maracanã, na área próxima à Praça Varnhagen, com a construção de um túnel para desviar seus excedentes até o Rio Joana.

— Quando a gente passar com esse túnel na Rua Felipe Camarão, a gente vai refazer o sistema de microdrenagem daquela região conhecida do Polo Gastronômico, onde temos alguns problemas de alagamento. Da mesma forma, vamos tratar da região da Morais e Silva-Ibituruna, atrás do Cefet (do Maracanã), onde continua com alguns problemas de alagamento. E também vamos fazer um desvio do Rio Trapicheiros, próximo da Praça Saens Peña, também para melhorar essa região, também da Praça Afonso Pena, uma área em que a gente ainda não tinha feito uma intervenção na primeira fase (de obras, considerada a que construiu piscinões) — detalhou Wanderson sobre o investimento de R$ 121 milhões.

O projeto está em fase de aprovação na Caixa Econômica Federal.

Acari

O projeto contra enchentes na região de Acari é de R$ 350 milhões, com recursos federais. Numa primeira fase, já concluída, foram realizadas a recuperação de um muro de contenção e dragagem do Rio Acari. Na fase seguinte, que promete encerrar os problemas de enchentes na região nos próximos anos, a expectativa é de intervenções em 3,8 quilômetros da calha do rio, nos bairros de Acari e Jardim América.

Jardim Maravilha

Já no Jardim Maravilha, em Guaratiba, a previsão é de construção de um dique de padrão holandês, de mais de 3,4 quilômetros, informou Eduardo Paes.

A intenção é conter as cheias dos rios Cabuçu e Piraquê. Com o governo federal, a previsão é de investimento de R$ 340 milhões. No local, ressaltou o prefeito, já foram feitos investimentos na casa dos R$ 51 milhões, com drenagem e saneamento realizados em 27 ruas.

Realengo

Na região de Realengo, observa o prefeito, “não é o mesmo drama” vivido em Acari e no Jardim Maravilha. O projeto é contra enchentes nas regiões dos rios Piraquara e Catarino, na casa de R$ 137 milhões. Será construído um piscinão de tamanho equivalente ao da Praça da Bandeira, provavelmente em área adquirida pela prefeitura — e que pertenceu ao Exército — para onde será expandido o Parque Susana Naspolini.

Balanço dos últimos 4 anos

Além do anúncio de medidas para o próximo verão, a prefeitura também fez uma espécie de prestação de contas de gastos de R$ 3,3 bilhões — desde 2021 — com manutenções na cidade, além de medidas de prevenção, como limpeza de bueiros, contenção de encostas e poda de árvores.

— Somente com contenção (de encostas), foram 187 obras desde 2021. Não há negativa para a Geo-Rio, ligada à Secretaria de Infraestrutura, sempre que há uma obra com necessidade e que coloque em risco a vida das pessoas — observou Eduardo Paes.

Ao todo, foram 488 iniciativas no período de quatro anos, envolvendo 36 órgãos municipais. A partir de mapeamento do COR de locais com alagamentos frequentes, foram feitas intervenções em locais como a Avenida Borges de Medeiros, na Lagoa, a Rua Alexandre Calaza, em Vila Isabel, a Estrada da Pedra, em Guaratiba, e as estradas do Catonho e do Cafundá, ambas em Jacarepaguá.

G1

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