‘O resultado de agosto, agravado pela piora na oferta de crédito, deixa clara a necessidade de uma política industrial de longo prazo’, diz o presidente da Fenabrave
As vendas de veículos novos no Brasil apresentaram uma queda de 0,41% em agosto de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados divulgados pela Fenabrave, a associação que representa as concessionárias do país, informou o jornal O Estado de S. Paulo. No total, foram emplacadas 207.717 unidades, quase mil a menos do que as 208.577 vendidas em agosto de 2022. Em comparação com o mês anterior, julho, quando foram emplacados 225.597 veículos, houve uma queda significativa de 7,93% nas vendas, desconsiderando ajustes sazonais. Essa desaceleração ocorreu após o término dos descontos subsidiados pelo governo, que variavam de R$ 2 mil a R$ 8 mil, impactando positivamente os preços de veículos com valor até R$ 120 mil.
O presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, enfatizou a importância das medidas provisórias governamentais para impulsionar o mercado, mas ressaltou que o desempenho do setor automotivo em agosto, agravado pela escassez de crédito, indica a necessidade de uma política de incentivo industrial de longo prazo. Ele afirmou: “As Medidas Provisórias foram muito importantes para aquecer, momentaneamente, o mercado, mas o resultado de automóveis em agosto, agravado pela piora na oferta de crédito, já deixa clara a necessidade de uma política de fomento industrial de longo prazo”. Andreta Júnior também observou que o resultado de agosto só não foi pior porque algumas montadoras ainda ofereciam veículos com descontos patrocinados. A Fenabrave está atualmente estudando projetos que podem ser propostos ao governo federal com o objetivo de estimular as vendas de automóveis e veículos comerciais leves para consumidores de menor renda.
Apesar da queda em agosto, as vendas de veículos novos no acumulado de janeiro a agosto de 2023 registraram um aumento de 9,41% em comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, o presidente da Fenabrave alertou para o fato de que o primeiro semestre do ano passado teve um desempenho abaixo da média histórica devido a diversos fatores, como a escassez de peças e componentes, conflitos na Europa e o aumento nos preços dos combustíveis, sendo que a recuperação ocorreu no segundo semestre.
Enquanto as vendas de carros novos tiveram uma leve queda, o mercado de motocicletas apresentou um crescimento notável. Em agosto de 2023, as vendas de motos novas aumentaram em impressionantes 20,38% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O total de emplacamentos atingiu 142.714 unidades, representando um crescimento de 15,98% em comparação com as 123.051 unidades vendidas em julho, desconsiderando ajustes sazonais. Desde o início do ano, foram comercializadas 1,045 milhão de motos novas no Brasil, representando um aumento de 21,17% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram vendidas 862.847 unidades. O presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, comentou sobre a performance positiva desse segmento: “O mercado de motocicletas continua aquecido, se confirmando como opção de transporte individual e para uso comercial, como entregas”. Com os altos juros e o fim dos incentivos do governo, o cenário do mercado automotivo brasileiro continua a passar por desafios.
Por Brasil 247