COM A PRESENÇA DE INDÍGENAS, DOCUMENTÁRIO SOBRE LUTA DO POVO URU-EU-WAU-WAU VENCE EMMY NOS EUA

‘O Território’ acompanha o embate entre o povo Uru-Eu-Wau-Wau e grileiros no território indígena

O Território, documentário dirigido pelo estadunidense Alex Pritz que retrata a luta do povo Uru-Eu-Wau-Wau em defesa de seu território em Rondônia, ganhou o Emmy Internacional na noite deste domingo (7). O filme venceu na categoria de mérito excepcional em documentário deste que é o maior prêmio da televisão norte-americana.

Ivaneide Bandeira Cardozo, conhecida como Neidinha, é uma das protagonistas do longa-metragem e esteve presente, junto com Bitaté Uru-Eu-Wau-Wau, Txai Suruí e Gabriel Uchida na premiação no Peacock Theatre, em Los Angeles, nos EUA.

“Eu estou muito emocionada porque tentei não pensar se a gente ia ganhar ou não, porque para mim já era muito importante ter sido indicados. E na hora que anunciaram que a gente ganhou, meu coração explodiu”, afirmou, com a estatueta em mãos.

“Estou muito feliz porque esse filme representa muito para os povos indígenas, representa muito para a nossa luta, nossa por território. Esse prêmio é de vocês, povos indígenas. Vocês que estão na luta. É nosso o prêmio”, declarou Neidinha. “A nossa voz está sendo ouvida”, resumiu Txai Suruí.

O documentário

“Ao acompanhar os brancos invasores de terra e suas estratégias de avanço no território indígena, em tempo igual ao que acompanha os indígenas e suas estratégias de fiscalização e resistência, O Território acabou se convertendo em um dos documentos mais relevantes da tragédia universal do nosso tempo”, considerou o escritor e jornalista Jotabê Medeiros.

Gravado no momento de ascensão eleitoral de Bolsonaro antes de ele vencer o pleito de 2018 e ao longo dos anos seguintes, o filme acompanha o embate, as táticas e intenções de indígenas e grileiros no território Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia.

“Acho que eles não querem a terra. Querem apenas nos matar”, afirma Bitaté Uru-Eu-Wau-Wau em uma das cenas. O documentário acompanha a missão do jovem de 21 anos para se tornar uma das lideranças guardiãs do território, com o apoio da ativista e indigenista Neidinha Cardozo.

O custo, muitas vezes com derramamento de sangue, de defender o território contra as invasões de grileiros, fica explícito com o assassinato de Ari Uru-Eu-Wau-Wau. O indígena de 33 anos, que participava da fiscalização do território contra a extração de madeira ilegal, foi morto em 17 de abril de 2020, em circunstâncias ainda não inteiramente elucidadas.Por Gabriela Moncau – BDF

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