COM 4 MEDALHAS, ISAQUIAS QUEIROZ ENTRA EM CENA PARA IGUALAR RECORDE DE REBECA

Protagonista de quatro medalhas na história dos Jogos, o canoísta de 30 anos inicia caça ao recorde de Rebeca Andrade. Duas medalhas alçarão o campeão olímpico em Tóquio ao patamar da ginasta

Paris — Depois da despedida de Rebeca Andrade aos Jogos de Paris 2024, a delegação brasileira concentra as expectativas em outra lenda do esporte olímpico nacional. Hoje, Isaquias Queiroz inicia a busca por duas medalhas na canoagem de velocidade. E ele mesmo admite: o desempenho da ginasta, que subiu ao pódio quatro vezes na França, influencia a preparação para as disputas no Estádio Náutico Água Branca, em Vaires-sur-Marne, a 30km da capital.

Isaquias chegou a Paris com o mesmo objetivo de Rebeca: tornar-se o maior medalhista olímpico brasileiro de todos os tempos. E ainda pode conseguir. Antes dos Jogos de 2024, o ranking era liderado pelos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, com cinco pódios cada. Com um desempenho histórico, a ginasta faturou quatro medalhas na França, chegou a seis (já havia conquistado duas em Tóquio 2020) e é a nova primeira colocada. O canoísta, por sua vez, tem quatro (uma de ouro, duas de prata e uma de bronze) e está na disputa por outras duas.

Aos 30 anos, Isaquias é movido pela obsessão que alimenta desde a edição do Rio-2016: ser o maior atleta olímpico brasileiro da história. “Minha meta sempre foi esta”, admitiu, diversas vezes. O baiano de Ubaitaba acumulou duas pratas e um bronze no Brasil e o tão sonhado ouro no Japão.

“Meu objetivo continua o mesmo, mas sabia que a Rebeca aqui tinha a chance de buscar muito mais medalhas que eu. Só tinha dúvida se sairia na prova por equipe. Fico feliz pela trajetória dela, ela teve várias lesões. Chegar aos Jogos Olímpicos e brilhar desse jeito enche o Brasil de orgulho e serve de motivação para todos os atletas”, declarou Isaquias no domingo, enquanto acompanhava a prova da mineira Ana Sátila na canoagem slalom.

“Ganhar mais de uma medalha em Jogos é muito especial. Eu sigo em busca das minhas duas medalhas, chegar à sexta medalha olímpica. A Rebeca ganhando medalha desse jeito me deixa até mais tranquilo, porque todo mundo fica de olho nela e eu fico aqui com menos pressão. Brincadeiras à parte, ela e a equipe estão fazendo um grande trabalho. Agora eu, Lauro (de Souza, técnico) e toda a comissão da canoagem velocidade queremos também fazer o nosso e representar bem o Time Brasil”, prosseguiu.

Após o histórico ouro sobre Simone Biles ontem, Rebeca respondeu que também se sente motivada pelos feitos de Isaquias. “Não sei nessa questão de quem é o maior medalhista, mas acredito que a gente se incentiva bastante. Eu torço demais por ele. Espero que dê tudo certo também. Que ele seja o maior (medalhista)! Eu não tenho problema nenhum com isso. Eu vou ficar muito orgulhosa. Saber que a pessoa está ali torcendo por você, nem é do teu esporte, mas te tem como inspiração e te usa para tirar a pressão. São coisas que são muito válidas e muito legais se parar para pensar. Fico muito feliz!”, disse.

Duas medalhas

Com o sonhado ouro no peito, Isaquias decidiu descansar. Casou-se com Laina Guimarães em Ilhéus, no Sul da Bahia, e precisava estar mais perto da família. Abdicou dos treinos durante parte do ciclo, o que lhe atrapalhou na Copa do Mundo de 2023. Mentalmente mais leve, voltou com força total para retomar as atividades em Lagoa Santa, Minas Gerais, naquele ano.

Em meio aos treinos, nasceu Luigi, segundo filho do casal, em 4 de agosto. O garotinho é mineiro, natural de Belo Horizonte, e um dos grandes propulsores de Isaquias em Paris. “Primeiro aniversário do meu pivete. Agora, tenho que ganhar o presente dele (medalha de ouro). Te amo muito”, postou o canoísta no domingo.

Laina, Luigi e o filho mais velho, Sebastian, estão na capital com Isaquias. O garoto de cinco anos, aliás, é outra motivação para o medalhista. Competitivo que é, o atleta batizou o garoto com o mesmo nome do amigo e maior rival da época, o alemão Sebastian Brendel. O motivo? Para nunca se esquecer de que deve continuar treinando.

O retorno a Minas Gerais ajudou. Em 2024, Isaquias Queiroz retomou o alto nível e faturou dois ouros na Copa do Mundo da Hungria — nem todos os principais adversários, contudo, estavam na disputa na época. De todo modo, o canoísta entende que pode buscar a meta que havia estabelecido ainda em Tóquio: ganhar duas medalhas em Paris.

Isaquias vai disputar as provas da canoagem de velocidade C1 1000m (da qual é campeão olímpico) e C2 500m, ao lado do também baiano Jacky Godmann. “Treinamos bastante, esse ano viemos com a ganância de buscar duas medalhas, o primeiro lugar tanto no C1 quanto no C2. Evoluímos muito em 2024, Jacky está em forma. A preparação dele foi melhor (em relação a Tóquio). O barco está andando para fazer tempo de 1:36, 1:37. É tempo para brigar pela medalha de ouro”, completou.

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