Neymar retorna à seleção brasileira depois de quase um ano de ausência desde a eliminação da Copa do Mundo de 2022. A derrota no Qatar deixou marcas que fizeram, inclusive, o astro questionar sua sequência com a camisa verde e amarela.
Tudo isso fica para trás com o início de um novo ciclo de olho no Mundial de 2026, com o primeiro desafio contra a Bolívia, nesta sexta-feira (8), às 21h45 (de Brasília), pelas eliminatórias sul-americanas. Um pontapé inicial também para alguns desafios para o craque.
Ser campeão do mundo
Por inúmeras vezes, Neymar deixou claro que seu grande sonho é ser campeão do mundo e, assim, conquistar o hexacampeonato para o Brasil. Com 31 anos agora, ele terá 34 nos Estados Unidos, Canadá e México (sedes da próxima Copa) e terá uma das últimas chances de alcançar o objetivo.
Até aqui, a história de Neymar em Mundiais tem diferentes decepções: em 2014, sua estreia, sofreu grave lesão que o tirou da traumática eliminação nas semifinais contra a Alemanha; em 2018, acabou ficando marcado pelas “quedas” na campanha que acabou nas quartas diante da Bélgica; e, em 2022, teve tudo para sair como herói na mesma fase, mas seu gol acabou sendo ofuscado por um empate no fim e queda diante da Croácia nos pênaltis.
Superar o recorde de Pelé
Quando marcou o gol na prorrogação diante da Croácia no Qatar, Neymar chegou a 77 com a camisa da seleção brasileira. Para a Fifa, é esse o número de vezes que Pelé balançou as redes pelo Brasil, considerando apenas partidas oficiais, o que já faria o astro da atualidade recordista.
Neymar tem pela frente, porém, a missão de tomar a frente nessa conta e, mais do que isso, assumir de forma incontestável o posto de maior artilheiro da seleção brasileira. Isso por que para superar Pelé são necessários mais 18 gols, já que a CBF contabiliza 95 tentos para o Rei – a controvérsia surge de partidas contra times em amistosos, algo que era comum no passado.
É curioso que entre a Copa do Mundo de 2018 e 2022, Neymar marcou exatamente 18 gols, entre amistosos, Copa América e eliminatórias, que seriam suficientes agora para o recorde.
Passagem de bastão para os mais jovens
Desde que chegou à seleção brasileira, Neymar assumiu naturalmente a condição de protagonismo, algo que o acompanhou até o Qatar. Para o próximo ciclo, porém, é difícil imaginar que será sendo assim. Ainda que siga como uma das referências técnicas, é natural imaginar que Vinicius Jr. assuma cada vez mais o posto de principal jogador – e ameaça aos rivais – no time.
Na Copa de 2022, Neymar já foi muito elogiado por companheiros e pelo técnico Tite pelo papel com os jogadores mais jovens. Agora, terá que aprofundar essa liderança para uma “passagem de bastão” que ele mesmo não teve com as lideranças técnicas da geração anterior.
Nível de competitividade
Com a decisão de trocar a Europa pela Arábia Saudita, com o acerto com o Al Hilal, Neymar trouxe também o desafio de se manter competitivo pelos próximos anos. Muitos enxergaram sua transferência como um “adeus” ao futebol de alto nível, e é incerto o nível que o brasileiro conseguirá manter atuando no campeonato local.
Há um precedente na seleção brasileira que foi à Copa do Mundo de 2018, com o ciclo marcado por jogadores convocados atuando na China – Renato Augusto, inclusive, foi à Rússia jogando por lá. Em nenhum caso, no entanto, tratava-se da maior estrela da equipe.
Hora de mudar a imagem?
Assim como o sonho de ser campeão do mundo, Neymar já disse muitas vezes não se abalar pelas críticas. Ainda que seja verdade, ele sempre teve os olhares do mundo inteiro voltados para seu futebol na Europa para rebater os questionamentos dentro de campo.
Agora, na Arábia Saudita, claro, Neymar seguirá chamando a atenção, mas seus feitos sempre serão relativizados pelo nível inferior de competição na comparação com a Europa. A seleção brasileira, portanto, será sempre o momento para o craque mostrar que continua o mesmo.