CHANCELARIA CHINESA CRITICA RELATÓRIO DO PENTÁGONO QUE APONTA A CHINA COMO AMEAÇA AOS ESTADOS UNIDOS

Ministério acusa documento de reforçar narrativa anti-chinesa e justificar supremacia militar dos EUA

Global Times divulgou nesta quinta-feira que o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, denunciou severamente um relatório publicado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos intitulado “Desenvolvimento Militar e de Segurança envolvendo a RPC”. De acordo com Lin, “como os que já vimos antes, ele dá pouca ênfase à verdade”.

Lin ressaltou que o documento está carregado de vieses e foi elaborado com o objetivo de amplificar a narrativa da “ameaça chinesa”, servindo apenas para justificar a intenção dos EUA de manter a supremacia militar. O relatório, divulgado na quarta-feira no horário local, destaca “a importância de enfrentar o desafio de ritmo” apresentado pelo crescente poder militar da China. Além disso, exagera a expansão das armas nucleares chinesas, afirmando que os EUA estimam que a China possui mais de 600 ogivas nucleares operacionais em meados de 2024 e prevêem que esse número ultrapassará 1.000 até 2030.

O documento também alega que Pequim “pode estar explorando o desenvolvimento de sistemas de mísseis intercontinentais convencionalmente armados” e que, “se desenvolvidas e implantadas, tais capacidades permitiriam à RPC ameaçar alvos nos EUA continentais, Havaí e Alasca”. Em resposta, Lin Jian afirmou em uma coletiva de imprensa que a China está plenamente comprometida em ser uma força para a paz, estabilidade e progresso no mundo. “Estamos igualmente determinados a defender nossa soberania, segurança e integridade territorial”, declarou. Ele apelou aos EUA para abandonarem a mentalidade da Guerra Fria e o pensamento hegemônico, avaliando as intenções estratégicas e o desenvolvimento de defesa da China de maneira objetiva e racional. Lin enfatizou a necessidade de cessar a emissão de relatórios irresponsáveis anualmente e garantir que as ações dos EUA contribuam para uma relação estável entre os dois países e suas forças militares.

O especialista militar chinês Zhang Junshe, em entrevista ao Global Times, afirmou que o relatório, assim como os de anos anteriores, especula e difama o poder nuclear da China, promovendo a retórica da “ameaça chinesa”. No entanto, ele observou que o documento também revela as “deficiências” do Exército de Libertação Popular (ELP) e as capacidades militares dos EUA para enfrentá-las. “Por exemplo, enquanto o relatório indica que as forças terrestres, navais e aéreas do ELP aumentaram sua capacidade de realizar ataques conjuntos e operações de longo alcance, também afirma que o ELP é deficiente no apoio logístico de longo alcance e outras capacidades”, explicou Zhang.

Além das críticas ao relatório, o Senado dos EUA aprovou na quarta-feira a Lei de Autorização de Defesa Nacional de 2025 (NDAA), que eleva o orçamento militar para US$ 895 bilhões, abrangendo a compra de navios, aeronaves e armas, além de incluir medidas para aumentar a competitividade com a China e a Rússia. O presidente Joe Biden deve sancionar o projeto de lei, que representa um aumento de 1% em relação ao orçamento do ano anterior.

Segundo a Voice of America (VOA), uma das disposições da NDAA visa criar mecanismos para supervisionar e proibir o uso de drones chineses, ao mesmo tempo em que fortalece a resiliência da cadeia de suprimentos de drones nos EUA e em países parceiros. A lei também aprova até US$ 300 milhões em assistência de defesa e segurança para Taiwan e exige um plano para garantir a cobertura de radar em Guam, defendendo contra ameaças simultâneas de mísseis balísticos da China e da Coreia do Norte.

O senador republicano Roger Wicker, que presidirá o Comitê de Serviços de Defesa do Senado no próximo ano, afirmou que os EUA estão vivendo “os momentos mais perigosos para a segurança nacional desde a Segunda Guerra Mundial”, conforme reportado pela AP. Em contrapartida, Xin Qiang, diretor adjunto do Centro de Estudos Americanos na Universidade Fudan, considerou ridículo que os EUA, a maior potência militar e tecnológica do mundo, se declarem em um momento perigoso. Ele acrescentou que políticos e representantes do complexo militar-industrial buscam aumentar os gastos militares criando inimigos imaginários para lucrar com isso.

O relatório do Pentágono e a NDAA refletem uma situação nos EUA em que o Congresso e o poder executivo estão trabalhando conjuntamente para conter, deter e suprimir a China. Conforme observou Lü Xiang, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, com a aproximação de uma nova administração nos EUA, a China está atenta às possíveis ações futuras do governo americano.

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