Sociólogo destacou experiências internacionais, como o caso do Chile, onde políticas semelhantes resultaram em desigualdades e queda na qualidade da educação
O sociólogo e consultor educacional Cesar Callegari, ex-secretário da Educação, em entrevista à TV 247, expõe as graves ameaças enfrentadas pelo sistema educacional brasileiro. Ao abordar o período do governo Bolsonaro como “um período de trevas”, Callegari destaca a necessidade urgente de restaurar o compromisso com a educação. Callegari lembrou os ataques do governo passado à educação e alertou para a atuação do ex-ministro da Economia Paulo Guedes como “inimigo da educação”, ressaltando a tentativa de desmantelar as garantias constitucionais de financiamento do setor.
Ele aponta que a proposta do governo de São Paulo de reduzir a destinação obrigatória de recursos para educação pode representar uma perda anual de cerca de nove bilhões de reais, impactando diretamente a qualidade do ensino. O ex-secretário também levanta preocupações sobre a possibilidade de privatização na gestão escolar pelo atual governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos). Callegari destaca experiências internacionais, como o caso do Chile, onde políticas semelhantes resultaram em desigualdades e queda na qualidade da educação.
Além disso, Callegari ressalta a importância da continuidade e a necessidade de construir uma nova geração de professores no Brasil. Ele propõe a federalização da formação inicial de professores como uma estratégia crucial para elevar a qualidade do ensino. Ele também destacou o caso do Ceará como um exemplo de avanço significativo, onde esforços para garantir a alfabetização na idade certa deram frutos notáveis.
Callegari relembrou o impacto positivo do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, programa que envolveu mais de um milhão de professores e professoras alfabetizadores em atividades formativas de apoio. Ele lamentou, no entanto, a descontinuidade desse e de outros programas educacionais ao longo dos governos, enfatizando que a educação é uma construção de longo prazo e que a ruptura de processos prejudica o avanço.
O consultor também criticou a tentativa de impor um único método de alfabetização, o método fônico, argumentando que os educadores devem ter a liberdade de escolher métodos e processos educacionais de acordo com a realidade de suas salas de aula. Ele enfatizou a importância não apenas de aprender a ler e escrever mecanicamente, mas de desenvolver a capacidade de compreensão e reflexão sobre o que se lê.
Callegari afirmou que a imposição de um único método é uma “estratégia deliberada de empobrecimento da educação brasileira,” perpetuando a visão de uma “educação pobre para os pobres” defendida por elites hegemônicas.
Por Brasil 247