Pesquisadores analisaram vários tipos de canudo vendidos na Bélgica como opção aos de plástico e encontraram substância que não se decompõe, dificultando a sua reciclagem.
Uma pesquisa revelou que canudos de papel ou bambu podem não ser tão sustentáveis quanto se pensava. Ao analisar os diversos tipos usados como alternativas aos de plástico, foi encontrado, nestes dois casos, o PFA, conhecido como “substância eterna” por não se decompor, dificultando a reciclagem desses canudos. (Leia mais abaixo.)
O estudo, divulgado na quinta-feira (24), foi conduzido pela Universidade de Antuérpia, na Bélgica, e analisou 39 marcas de canudos de papel, bambu, vidro, aço inoxidável e plástico produzidas na Europa e na Ásia e disponíveis no mercado belga.
É melhor voltar ao canudo de plástico, então? Segundo os pesquisadores, não. Os canudos de plástico podem levar até 200 anos para se decompor. Nesse processo, eles ainda podem se transformar em microplásticos, que poluem os oceanos. Então, eles seguem sendo a pior opção.
No Brasil, inclusive, vários estados têm leis proibindo que estabelecimentos ofereçam canudos de plástico, como Acre, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo, Amazonas e Distrito Federal.
Segundo o estudo, a melhor opção é o canudo de aço porque, além de não conter PFA, é o único totalmente reciclável – e que pode ser reutilizado indefinidamente.
Como foi o estudo
Durante a análise, os pesquisadores buscaram identificar a presença de PFA para avaliar se os canudos “sustentáveis” eram, de fato, seguros como alternativas aos de plástico.
O PFA é uma categoria de produtos químicos sintéticos reconhecida por sua resistência à biodegradação, o que lhes confere o título de “substâncias químicas eternas”. Em outras palavras, no ambiente natural, essas substâncias não se degradam.
A pesquisa mostrou que:
Das 20 marcas de canudos de papel testadas, 18 tinham PFA;
Das 5 marcas de canudos de bambu, 4 tinham PFA;
Das 4 marcas de plástico, 2 tinham PFA;
O único tipo de material testado que não tinha a substância foi o aço inoxidável.
Hipóteses
Os pesquisadores não sabem ao certo por que os canudos que deveriam ser biodegradáveis contêm a substância.
Eles levantam duas hipóteses: a primeira é a de que o PFA seja incluído para que o canudo fique impermeável e a segunda é a de que seja uma contaminação pelo uso de papéis reciclados na produção do canudo – já que há PFA em várias embalagens.
O PFA é tóxico para os seres humanos e animais. No entanto, a pesquisa mostrou que não há uma quantidade nos canudos que possa intoxicar uma pessoa.
A sua presença, porém, aumenta a exposição a esse tipo de substância, que, a longo prazo, pode ser prejudicial. Além disso, apontou que, como o produto não se decompõe, acaba sendo incinerado e, com isso, liberando as substâncias no meio ambiente.
Por g1