Um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) revela que, em 2025, os brasileiros precisaram trabalhar 149 dias apenas para quitar os tributos cobrados ao longo do ano — o equivalente a quase cinco meses de rendimento dedicados exclusivamente ao pagamento de impostos federais, estaduais e municipais. O prazo foi atingido nesta quinta-feira (29 de maio).
O levantamento, realizado anualmente pelo IBPT, mostra um acréscimo de um dia em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo os especialistas do instituto, o aumento se deve a uma série de medidas fiscais recentes, como:
Reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia;
Alta nas alíquotas de ICMS promovida por diversos estados a partir de abril;
Tributação de importações de pequeno valor, que passaram a ser taxadas mesmo em remessas abaixo de US$ 50.
Desde sua fundação em 1992, o IBPT — sediado em Curitiba (PR) e referência nacional em estudos tributários — vem acompanhando a evolução da carga fiscal brasileira. A instituição também é conhecida por projetos como o Impostômetro e o De Olho no Imposto, que visam promover maior transparência e conscientização da população sobre os tributos que paga.
Pior Retorno em Qualidade de Vida
Apesar da alta carga tributária, o Brasil continua registrando um dos piores desempenhos globais no retorno dos impostos à sociedade. É o que aponta o Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade (IRBES), também elaborado pelo IBPT.
O indicador compara quanto cada país arrecada em tributos com o que efetivamente entrega em serviços públicos essenciais, como educação, saúde, segurança e infraestrutura. O Brasil, segundo o IRBES, ocupa a última posição entre os países avaliados, o que evidencia um descompasso entre o que se paga e o que se recebe em termos de qualidade de vida.
“Mesmo sendo um dos países que mais tributa sua população, o Brasil entrega um dos piores retornos em qualidade de vida”, destaca o instituto.
Brasil no Ranking Global
No ranking global elaborado pelo IBPT, o Brasil ocupa a 14ª posição entre os países em que o cidadão mais trabalha para quitar tributos. Em comparação:
Bélgica lidera a lista, com seus cidadãos trabalhando mais de 180 dias por ano para pagar impostos;
Áustria e Finlândia ocupam, respectivamente, a segunda e terceira posições;
No outro extremo, o México aparece com apenas 62 dias trabalhados por ano para essa finalidade — menos da metade da média brasileira.
O recorde histórico brasileiro de tempo trabalhado para pagamento de tributos foi registrado entre 2017 e 2019, quando a marca chegou a 153 dias — equivalente a cinco meses e dois dias.
Com uma carga tributária que pesa cada vez mais sobre a renda da população, sem a contrapartida esperada em serviços públicos, o estudo do IBPT acende um alerta sobre a urgência de uma reforma fiscal mais justa, eficiente e transparente.
Por Redação Gazeta Rio