O cinema brasileiro voltou a brilhar no cenário internacional com força inédita. No sábado, 24 de maio de 2025, o Brasil celebrou uma conquista histórica no 78º Festival de Cinema de Cannes. Pela primeira vez, um ator brasileiro foi laureado com o prêmio de Melhor Ator – Wagner Moura, por sua atuação no filme O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, que também foi premiado na categoria Melhor Direção. A dobradinha marca um momento inédito desde os tempos de Glauber Rocha, último brasileiro a vencer na direção.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou as redes sociais para celebrar o feito:
“Hoje é dia de sentir ainda mais orgulho de ser brasileiro. Os dois prêmios que O Agente Secreto conquistou mostram que o cinema de nosso país não deve nada para ninguém. Seguiremos encantando o mundo com filmes que revelam nosso talento, nossa cultura e capítulos fundamentais da nossa história.”
Um retorno tenso ao Recife dos anos de chumbo
Ambientado no sombrio contexto da ditadura militar brasileira, nos anos 1970, O Agente Secreto narra a trajetória de Carlos, um professor universitário exilado (vivido por Wagner Moura), que retorna clandestinamente ao Recife com o objetivo de rever o filho caçula. A jornada, porém, se transforma em um mergulho tenso nos dilemas políticos, afetivos e existenciais de um homem que precisa escolher entre o amor e a própria segurança.
O filme marca mais uma colaboração de Wagner Moura com o cinema político brasileiro, e uma guinada narrativa para Kleber Mendonça Filho, que já havia explorado temas como especulação imobiliária (Aquarius) e violência urbana (Bacurau), mas nunca havia ambientado um longa diretamente no período da ditadura.
Uma atuação consagradora
Wagner Moura, consagrado por papéis icônicos como o Capitão Nascimento (Tropa de Elite) e Pablo Escobar (Narcos), foi unanimemente elogiado pela crítica internacional pela intensidade, contenção e profundidade emocional de sua performance. Como ele não pôde comparecer à cerimônia em Cannes, o diretor recebeu o prêmio em seu nome.
“Tive muita sorte de trabalhar com Wagner. Ele não é apenas um grande ator, mas uma grande pessoa. Eu o amo muito. Espero que este filme leve muito mais a ele do que prêmios”, declarou Mendonça Filho emocionado ao público.
Um feito para a história
Desde que Glauber Rocha foi premiado em Cannes em 1969 com O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, nenhum diretor brasileiro havia conquistado o prêmio principal de direção. A conquista de Kleber Mendonça Filho representa, portanto, uma virada simbólica na forma como o cinema brasileiro contemporâneo é visto e valorizado globalmente.
Ambos os prêmios foram celebrados também por cineastas, atores e críticos em todo o país como um sinal da força artística e da relevância social do cinema nacional, mesmo diante de desafios econômicos e políticos nos últimos anos.
O que vem depois
Após o impacto no festival, O Agente Secreto já tem distribuição garantida em dezenas de países e deve estrear nos cinemas brasileiros no segundo semestre de 2025, com expectativa de forte presença em premiações internacionais. É um marco para a cultura brasileira – e uma lembrança poderosa do papel do cinema na memória e na resistência.
Por Redação Gazeta Rio