Ex-presidente esteve presente na sessão de terça-feira (24/3). Primeira Turma do STF decide se transforma Bolsonaro e outros sete aliados em réus por trama golpista
O ex-presidente Jair Bolsonaro desistiu de ir ao segundo dia do julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) no Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi dada pelo advogado Fabio Wajngarten, que assessora o ex-chefe do Planalto, a jornalistas na sala da Primeira Turma. O colegiado decide nesta quarta-feira (26/3) se o político e outros sete aliados se tornarão réus pela trama golpista.
Na manhã de ontem (25), Bolsonaro apareceu de surpresa no julgamento e se sentou na primeira fila para acompanhar a sessão. Foram apresentadas as sustentações orais das defesas dos denunciados no STF, além da própria denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet. A análise foi retomada no período da tarde com os votos sobre as questões preliminares, e depois sobre o mérito.
Neste primeiro momento, a Corte deve dizer se o processo tem consistência para abrir uma ação penal. O núcleo julgado é o dos apontados pela PGR como principais responsáveis pela trama golpista. Segundo a denúncia, esse grupo é considerado o central da “organização criminosa”, cujas decisões e ações foram fundamentais para o impacto da tentativa de golpe.
No mês passado, a PGR denunciou um total de 34 pessoas por estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito. Ao apresentar a denúncia, eles foram divididos em quatro grandes núcleos de atuação, que juntos formam a “organização criminosa estruturada para impedir que o resultado da vontade popular expressa nas eleições presidenciais de 2022 fosse cumprida”.
Defesa de Bolsonaro
O advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro, classificou os ataques golpistas como uma tentativa de criar um cenário de caos institucional com o objetivo de justificar uma intervenção militar via Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Mesmo assim, ele argumentou que o ex-chefe do Planalto não teve envolvimento direto na articulação da trama.
Vilardi iniciou a defesa afirmando que Bolsonaro “é o presidente mais investigado da história do país” e que “não se achou absolutamente nada” contra seu cliente. O jurista também citou a minuta golpista encontrada na sede do PL, partido de Bolsonaro.
“Houve quebra de sigilo de dados armazenados em nuvem, mas, em relação ao presidente, absolutamente nada foi encontrado. A suposta ‘descoberta’ de um documento no Partido Liberal se refere apenas a uma ata. Em relação a Jair Bolsonaro, não se encontrou absolutamente nada”, destacou.
Por Luana Patriolino – CB