Ex-presidente afirmou que era um “deputado fudido” durante reunião com ministros em 5 de julho de 2022
Em uma reunião realizada em 5 de julho de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) disse aos seus ministros que foi uma “cagada do bem” ter chegado à Presidência. A gravação consta em materiais apreendidos pela PF (Polícia Federal) que embasaram a operação Tempus Veritatis, que apura suposta tentativa de golpe de Estado.
“Essa cadeira aqui é uma cagada estar comigo, uma cagada. Eu vou explicar a cagada. Não vai ter outra cagada dessa no Brasil, cagada do bem, para deixar bem claro. Como é que alguém vai eleger um deputado fudido como eu? Um deputado de baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado?”, disse Bolsonaro na gravação.
Em outro trecho, Bolsonaro afirmou que os ministros precisavam fazer algo antes das eleições de 2022 para evitar que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhasse. Segundo ele, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) estavam “preparando tudo” para garantir a vitória do petista.
“Na 5ª feira eu vou me reunir com metade dos embaixadores, semana que vem com a outra metade. Porque os caras tão preparando tudo pro Lula ganhar no primeiro turno, na fraude. Vou mostrar como e por quê. Alguém acredita aqui em Fachin, em Barroso, em Alexandre de Moraes? Alguém acredita? Se você acredita, levanta o braço. Acredita que eles são pessoas isentas, que estão preocupadas em fazer justiça, em seguir a Constituição, tudo que estão vendo acontecer?”, questionou Bolsonaro.
“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil. Vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, declarou o então presidente.
O sigilo do vídeo em questão foi suspenso na 6ª feira (9.fev.2024) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O material sustentou a operação da PF deflagrada na 5ª feira (8.fev.2024) contra Bolsonaro, integrantes de seu governo e aliados.
Segundo a PF, a gravação foi encontrada no computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. A investigação afirma que o vídeo seria uma prova da organização de um golpe para manter Bolsonaro na Presidência. A defesa do ex-presidente nega as acusações.
A operação foi autorizada por Moraes. Na decisão (íntegra – PDF – 8 MB), o magistrado menciona uma suposta minuta que previa a prisão dele, do ministro Gilmar Mendes e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).