Presidente defende integração irreversível com Pequim, critica protecionismo dos EUA e exalta papel do Sul Global no novo cenário mundial
Em discurso contundente durante o Fórum Brasil-China realizado nesta segunda-feira (12) em Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a aliança econômica entre os dois países é definitiva e estratégica. Segundo ele, Brasil e China tornaram-se “parceiros incontornáveis” nas principais questões globais, e o avanço dessa relação é irreversível.
“Hoje demos mais um passo para fortalecer nosso intercâmbio bilateral e criar oportunidades de comércio, investimentos e desenvolvimento. China e Brasil são parceiros estratégicos e atores incontornáveis nos grandes temas globais”, afirmou Lula diante de empresários chineses e brasileiros.
Cooperação frente ao protecionismo – Lula fez duras críticas às medidas protecionistas que voltam a ganhar força no cenário internacional, em especial à postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Não me conformo com a taxação que o presidente dos Estados Unidos tentou impor ao planeta Terra do dia para a noite”, disse. Para o presidente brasileiro, esse tipo de prática representa uma ameaça à estabilidade internacional: “o protecionismo no comércio pode levar à guerra, como já aconteceu tantas vezes na história da humanidade”.
Ao defender o multilateralismo como caminho para a paz e o progresso, Lula destacou a importância da cooperação entre países em desenvolvimento. “Não existe saída para um país sozinho. Nós precisamos trabalhar juntos. O multilateralismo depois da Segunda Guerra Mundial foi o que garantiu todos esses anos de harmonia entre os Estados”, afirmou.
Comércio como via de mão dupla – Lula reforçou a importância de uma política comercial baseada no equilíbrio e na reciprocidade. “Nós queremos exportar mais e também queremos comprar mais, porque a boa política comercial é aquela que é uma via de duas mãos, você compra e vende. É um jogo de ganha-ganha”, afirmou. Ele destacou o papel do setor empresarial na expansão das cadeias globais de valor e no enfrentamento das mudanças climáticas. “Os empresários são protagonistas de um dos eixos mais dinâmicos do relacionamento bilateral, com a estruturação de novas cadeias de valor e a transição para uma economia de baixo carbono”.
Aliança estratégica e soberania – Lula celebrou os avanços recentes na relação entre Brasil e China e garantiu que seu governo seguirá comprometido com essa trajetória. “A construção dessa aliança econômica entre China e Brasil não tem retorno. Estejam certos de que daqui para frente só vai crescer”, declarou. O presidente reafirmou seu compromisso pessoal com o aprofundamento da parceria. “Se depender do meu governo e da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis. Nossa relação será indestrutível, porque a China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China.”
Sul Global como protagonista – Encerrando sua fala, Lula destacou a importância de fortalecer o papel do Sul Global no cenário internacional. “Nós dois juntos poderemos fazer com que o Sul Global seja respeitado no mundo como nunca foi”, afirmou, em tom de apelo à cooperação entre países em desenvolvimento como estratégia de fortalecimento da soberania e da autonomia econômica frente às potências tradicionais.
Por Brasil 247