ÁGUAS DO RIO JOÃO MENDES, EM NITERÓI, TÊM PIORA, AFIRMA ESTUDO; PREFEITURA CONTESTA

Estudo encomendado por instituto ambiental aumento de material orgânico no curso d’água, entre outros problemas

O Instituto Floresta Darcy Ribeiro (Amadarcy) realizou um estudo para analisar as águas do Rio João Mendes, principal contribuinte do sistema lagunar de Itaipu-Piratininga, e constatou o aumento de material orgânico no corpo hídrico proveniente de descarte humano. O relatório, elaborado em conjunto com a Empresa Júnior de Petróleo e Química da UFF, organizou qualitativa e quantitativamente os dados químicos e microbiológicos provenientes dos levantamentos de campo e análises laboratoriais referentes à água coletada no ponto da ecobarreira instalada pela ONG em setembro de 2022. A prefeitura alega que, durante a última vistoria, realizada no dia 15 de julho, não foram identificadas alterações.

No estudo realizado durante os cinco primeiros meses de 2024, os pesquisadores utilizaram dez indicadores para chegar ao resultado final. Entre eles, a temperatura, cuja variação pode afetar a quantidade de oxigênio dissolvido na água, além de impactar diretamente o metabolismo dos microrganismos presentes.

O estudo também chama a atenção para parâmetros como a condutividade elétrica e índices de coliformes. Todos estão acima do valor máximo permitido (VMP) pela Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que rege o assunto. Em contrapartida, o oxigênio dissolvido está abaixo do VMP. A presença de óleo e graxa também está fora do limite permitido, segundo a análise.

— A percepção pela Amadarcy deste cenário que existe frequentemente nos corpos hídricos é que, apesar de tudo que vem sendo ventilado pelos entes públicos como iniciativas para melhorar as condições ambientais do sistema lagunar, as ações estão fracassando. Prova disso é o laudo técnico, que indica uma piora significativa da qualidade das águas do Rio João Mendes e as mortandades de peixes, cada vez mais frequentes — critica o ambientalista Felipe Queiroz, diretor do instituto.

Segundo ele, o episódio mais recente de mortandade de peixes ocorreu no dia 24 de julho, na Lagoa de Piratininga.

Canais de denúncia

Ainda de acordo com Queiroz, a quantidade de resíduos sólidos retirados do João Mendes desde a implantação da ecobarreira já ultrapassou as 12 toneladas. Por isso, no próximo mês, ele iniciará um novo projeto em parceria com a UFF e o Piratininga Surf Clube.

Sobre o resultado apresentado pelo Amadarcy, a Secretaria municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade informa que toda a Região Oceânica de Niterói conta com rede coletora e tratamento de esgoto. E informa que o projeto Se Liga na Rede, desenvolvido em parceria com a concessionária Águas de Niterói, conseguiu que mais de 14 mil imóveis tivessem sua ligação na rede de esgoto vistoriada. A secretaria ressalta ainda que, durante as fiscalizações, caso o imóvel não esteja ligado à rede, o proprietário é advertido e, posteriormente, multado.

A secretaria reitera que mantém canais abertos para que o cidadão possa denunciar despejo irregular, através do telefone 2613-2283, e também está à disposição de quaisquer órgãos, sejam eles governamentais ou da sociedade civil, para debater e receber informações sobre as questões ambientais no município”, diz, em nota.

A prefeitura ainda ressalta que cerca de 1.800 pessoas serão beneficiadas no bairro do Jacaré e na comunidade do Boa Esperança. As residências ocupadas por famílias beneficiárias do Cadastro Único passarão a ter conexão à rede de esgoto gratuitamente.

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