Siro Darlan
Hoje tirei o domingo para conhecer a Feira do Acari, famosa por concentrar um comércio de trabalhadores das mais variadas origens e especialidades. Lembrei-me dessa frase famosa do romance O Idiota de Dostoievski “A beleza salvará o mundo”. Por que motivo se o local mostra uma pobreza e falta de serviços públicos que provoca sofrimentos àquele povo trabalhador? Justamente porque o significado místico da palavra beleza é muito complexa a ponto de Santo Agostinho filosofar que Deus é a sumidade da beleza porque concentre em sua pessoa a bondade, a solidariedade, a fraternidade. Tudo isso se vê na gente sofrida daquela área da zona norte do Rio de Janeiro.
A imagem que parte da mídia traduz dessa gente sofrida é de perfídia, mentira, falsidade, extorsão, ressentimento e mágoa. No entanto passeando pela Feira do Acari, vi pessoas sofridas com o a mãe de Maria Eduarda, juma criança de 8 anos morta pelas balas da polícia quando estava no interior da escola, pessoas marcadas pela bondade e solidariedade, trabalhadores em busca de levar o pão para seus familiares, apesar de sofrerem com a falta de saneamento básico, que perdem o pouco que têm toda vez que o Ria Acari transborda e invade suas casas e comércio, com escolas sem professores, mas com o sorriso nos lábios por serem sobreviventes e poderem estar juntos e misturados. Essa é a verdadeira beleza que salvará o mundo.
A proposta de vida dessas pessoas é dar vida para o Sermão da Montanha pregado por Jesus Cristo e viver a utopia sonhada por Dom Quixote. O Código de Honra dos moradores dessa localidade é o respeito e solidariedade mútuos que muito me encantou.