Governo francês realizará reuniões diárias para monitorar risco de ataques durante a realização dos Jogos
Paris está se preparando para receber cerca de 15 milhões de visitantes durante os Jogos Olímpicos de 2024. Mas depois dos ataques terroristas em 2015 e o recente atentado à casa de shows Crocus City Hall em Moscou, o país intensifica seus esforços para garantir a segurança durante o evento.
Já na Cerimônia de Abertura, que será realizada daqui a 100 dias, os protocolos incluem implementar perímetros “anti-terror” e o deslocamento de milhares de agentes, tanto públicos quanto privados.
Para financiar essas medidas, os organizadores, incluindo o governo francês, o COI (Comitê Olímpico Internacional) e empresas parceiras, alocaram um orçamento de € 320 milhões para a segurança durante os Jogos. No total, € 4,38 bilhões foram direcionados para o orçamento do Comitê Organizador de Paris 2024.
No dia da Cerimônia de Abertura, está prevista a mobilização de 45.000 funcionários de segurança, enquanto se espera a presença de até 326 mil pessoas apenas nas margens do rio Sena, onde o evento será realizado, pela 1ª vez fora de um estádio.
Os planos originais para o desfile previam mais de 600.000 espectadores assistindo gratuitamente ao longo do Sena. No entanto, por causa de preocupações com a segurança, o número de espectadores foi reduzido. Agora, serão 104.000 assentos pagos perto do rio e 220.000 assentos gratuitos, porém com bilhetes, nos cais superiores.
Segundo o governo francês, um “perímetro de segurança antiterrorista” será estabelecido nos dias que antecedem a Cerimônia de Abertura, com acesso público limitado. Um site será lançado a partir de 10 de maio para gerar um QR Code que permitirá o acesso às áreas próximas aos locais de competição. A plataforma on-line vai abranger “milhares de pessoas: residentes, convidados, consumidores, e pessoas que trabalham no setor“.
Já o espaço aéreo em Paris será fechado por 5 horas a partir das 19h, horário local, durante a noite da Cerimônia de Abertura. Assim, todos os aeroportos da região –Charles-de-Gaulle, Orly, Le Bourget e Beauvais– estarão fechados e nenhum voo poderá operar.
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, também anunciou a implementação de um protocolo anti-drones, com medidas semelhantes às adotadas durante a Copa do Mundo do Catar.
Darmanin comunicou que o governo francês instituiu reuniões diárias para monitorar o risco de ataques durante os Jogos e debater a ampliação dos protocolos de segurança. Mas que até o momento, não há “nenhuma ameaça terrorista específica” em relação ao evento esportivo.
Ainda segundo o ministro, depois de análises administrativas, foram identificados 161 registros “S” entre os participantes da cerimônia de 26 de julho e todos os envolvidos nos Jogos (voluntários, funcionários, agentes de segurança). Na França, um registro S é um indicador utilizado pelas autoridades para alertar sobre indivíduos considerados potenciais ameaças à segurança nacional.
Destes registros, “105 foram associados ao Islã radical, 35 à ultradireita, 18 à ultraesquerda e 3 à interferência estrangeira”, explica Darmanin.
Em março, o governo francês decidiu elevar o alerta de terrorismo do país ao nível máximo, uma reação ao ataque a tiros a casa de shows em Moscou, reivindicado pelo Estado Islâmico.
Para os franceses, a confiança na segurança do evento esportivo continua alta. Em uma enquete feita pelo instituto francês de opinião Ifop-Fiducial, 69% dos cidadãos disseram confiar na polícia de Paris.
O índice de confiabilidade permaneceu alto quando os franceses foram questionados sobre o Comitê Organizador dos Jogos e o Ministério do Interior. Para a Câmara Municipal de Paris, a confiança foi abaixo da média: 39%.
“PLANO B E PLANO C”
Na 2ª feira (15.abr), o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que a cerimônia de início das Olimpíadas de Paris pode sair do rio Sena em caso de “sério risco de ataque terrorista”.
Segundo Macron, os organizadores dos Jogos Olímpicos de 2024 já preparam uma possível cerimônia menor em Trocadéro, em frente à torre Eiffel, ou no Stade de France, ao norte de Paris.
“Temos cenários de recurso. Temos plano B e plano C. Para dizer a verdade, temos a opção de realizar uma cerimônia que seria limitada ao Trocadéro, mas que também poderia ser transferida para o Stade de France”, afirmou o presidente francês.
O Ministério do Interior da França informou que pediu reforços policiais a 46 países para os Jogos. O pedido solicitou aproximadamente 2.185 policiais estrangeiros em janeiro. Segundo a Reuters, 35 países já responderam positivamente ao governo.
O ministro da Defesa da Polônia disse que seu país enviará soldados para os Jogos de Paris. A delegação das Forças Armadas polonesas incluirá soldados, cães farejadores e adestradores.
Já a Alemanha disse em março que também contribuiria com forças. Outros países europeus, incluindo o Reino Unido e a Itália, também participarão. Segundo diplomatas, devem enviar dezenas de policiais para patrulhar as ruas.
Esta reportagem foi produzida pela estagiária de jornalismo Fernanda Fonseca sob supervisão do editor-assistente Ighor Nóbrega.