Programa já fez duas rodadas de negócios: em João Pessoa (PB), com foco na indústria moveleira; e outra dedicada às rochas ornamentais, em Vitória e Cachoeiro de Itapemerim (ES)
O café produzido no coração da Amazônia está prestes a ganhar o planeta, graças ao programa Exporta Mais Brasil — uma iniciativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que busca fortalecer a cultura exportadora de diferentes setores produtivos do país. Nesta segunda-feira, 28 de agosto, a ApexBrasil abriu a terceira rodada do Exporta Mais Brasil, que acontece até 2 de setembro na cidade de Cacoal (RO) e arredores. 23 compradores de 11 países estão na região para fazer negócios.
“Estou convencido que a região de Cacoal, Ji-Paraná e Vilhena — o interior de Rondônia — tem um potencial extraordinário de crescimento. E a ApexBrasil está aqui, ajudando a fazer com que os produtos de Rondônia ganhem o mundo”, afirma o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana.
O programa Exporta Mais Brasil já fez duas primeiras rodadas de negócios em agosto: a de lançamento, em João Pessoa (PB), com foco na indústria moveleira; e outra dedicada às rochas ornamentais, nas cidades capixabas de Vitória e Cachoeiro de Itapemerim (ES).
A rodada em Cacoal — conhecida como a capital dos cafés amazônicos — recebe uma delegação de 23 compradores internacionais, vindos de Grécia, Bélgica, Reino Unido, China, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Armênia, Paraguai, Canadá, Estados Unidos e África do Sul.
O objetivo da ApexBrasil é aproximar esses importadores de produtores locais por meio de rodadas de negócios em formato de cuppings, nome dado ao processo que compreende a prova, a degustação, a pontuação e a classificação do grão. Os cafés de Rondônia são identificados como aromáticos, de corpo aveludado, com notas de caramelo e retrogosto agradável e persistente, cultivados de forma sustentável e inclusiva em um terroir inigualável.
Os cafés especiais robustas amazônicos são os protagonistas desta rodada do Exporta Mais Brasil. São quatro cuppings ao longo da rodada e todos serão realizados no hotel Cacoal Selva Park, onde o grupo estará hospedado. Os produtores locais foram arregimentados pelos Cafeicultores Associados da Região Matas de Rondônia (Caferon), que representa 10.400 produtores de Cafés Robustas Amazônicos e é parceira da ApexBrasil na organização dessa rodada.
O grupo de compradores também visitará seis propriedades, de diferentes cafeicultores da região, onde terão a oportunidade de conhecer várias etapas da cadeia produtiva do café — do plantio à colheita, do beneficiamento à torra. A agenda de atividades inclui, ainda, uma palestra sobre os cafés especiais robustas amazônicos e sua relação com o terroir que lhes dá origem, além de uma experiência imersiva na natureza do Cacoal Selva Park.
“A gente quer fazer esse produto maravilhoso, que é o café robusta amazônico, ser reconhecido no mundo como um novo produto, um produto que tem origem, que tem rastreabilidade, que tem o saber fazer do produtor”, aponta o presidente da Caferon, Juan Travain. “A ApexBrasil é importante pra que a gente ganhe escala em nível global”.
Nesta terça-feira, 28, entre 8h e 11h, a agenda será oficialmente inaugurada com os Diálogos Exporta Mais Brasil, que discutirão desafios e perspectivas para as exportações rondonienses de cafés robustas amazônicos e de alimentos, bebidas e cosméticos, entre outros setores da economia do estado.
“O potencial exportador dos cafés especiais robustas amazônicos deu um salto nos últimos anos, e isso foi determinante para que tenhamos escolhido o setor como protagonista da terceira rodada do Exporta Mais Brasil”, explica Jorge Viana.
A Caferon é parceira da ApexBrasil, por sua capilaridade junto aos cafeicultores das Matas de Rondônia, pelas parcerias que vem firmando com instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e, claro, por todo o seu empenho em valorizar o café produzido na Amazônia. As visitas dos 23 compradores internacionais a propriedades cafeicultoras de Cacoal e arredores começou na fazenda Selva Café, sob a condução do proprietário Juan Travain. Pela manhã, os visitantes conheceram as etapas do plantio, do manejo e da colheita; no início da tarde, foram apresentados ao processo de beneficiamento, seleção e expedição dos grãos robustas amazônicos. Na sequência, foi realizado o primeiro cupping da agenda, seguido de uma mesa de negociação.
Nesta terça-feira, 29, os compradores estrangeiros vão conhecer a lavoura da etnia Paiter Suruí, na Terra Indígena Sete de Setembro. O cultivo do grão na propriedade começou logo após a homologação da área, em 1983, e hoje beneficia diretamente mais de 100 famílias organizadas em cooperativas.
À tarde, será a vez do produtor João da Luz receber o grupo de compradores no sítio da família, o Coração de Mãe. Os cafés produzidos na propriedade foram os grandes vencedores do Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia (Concafé) 2023, realizado em abril.
“Faz muito tempo que buscamos sensibilizar para a importância que o café robusta tem no desenvolvimento econômico e social dessa região”, aponta o representante Regional Norte da ApexBrasil, Essio Lanfredi. “Estamos conseguindo, nesse momento, colocar o produto diante dos olhos do mundo, por meio de um grupo de compradores que são referências globais. É um marco para o novo posicionamento dos robustas brasileiros e amazônicos no mundo”.
Embora menos conhecido que aquele praticado na região Sudeste, onde predomina a espécie arábica, o cultivo dos cafés robustas amazônicos tem em Rondônia um polo de destaque. O estado é responsável por 97% do café produzido em toda região amazônica. A produção tem migrado de um modelo tradicional extrativista para um cultivo mais tecnológico e sustentável, sendo um dos principais responsáveis pela geração de renda de mais de 17 mil famílias, muitas delas indígenas. A cultura do café está presente em cerca de 25% das propriedades rurais do estado.
Por Brasil 247