Paciente menor de idade precisará de autorização dos responsáveis se optar por implante anticoncepcional
O Ambulatório Médico Especializado Jornalista Susana Naspolini (AME), instalado em um dos acessos da comunidade Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na zona sul do Rio de Janeiro, abriga uma iniciativa inédita do governo do Estado em saúde pública de prevenção a gravidez não planejada.
Além dos métodos contraceptivos amplamente disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o projeto Acolhe também oferece a aplicação de anticoncepcional subdérmico em adolescentes. O implante, de nome comercial Implanon, é reconhecido pela alta eficácia e validade de três anos.
O método consiste em colocar, sob a pele do braço, uma pequena cápsula de etonogestrel, técnica feita a partir de uma simples intervenção com anestesia no local da implantação no corpo. Na rede particular, a aplicação do Implanon pode custar mais de R$ 2 mil.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) anunciou que o atendimento prioritário é destinado a jovens até 19 anos, mas não há limite de idade. Como o foco do projeto são adolescentes, caso a paciente menor de idade opte pelo contraceptivo implantado, será necessário apresentar autorização dos responsáveis.
O SUS oferece o implante desde 2021, mas apenas para mulheres adultas (entre 18 e 49 anos), em situação de vulnerabilidade. É a primeira vez que o implante contraceptivo é disponibilizado para adolescentes na rede estadual pelo SUS.
A gravidez na adolescência está entre as principais causas da evasão escolar. Uma pesquisa divulgada pela Unicef no ano passado, mostrou que 2 milhões de adolescentes deixaram a escola no Brasil em 2022. Do total, 14% apontaram a gravidez como motivo para o abandono dos estudos.
No Rio, considerando apenas a rede pública, a taxa de evasão no Ensino Médio em 2022 foi de 8,4%, bem acima das médias do estado (6,3%) e da Região Sudeste (5%).
Coordenado pela ginecologista Ana Teresa Derraik, o atendimento ocorre em duas etapas. Primeiro, a paciente assiste palestras sobre gestação, prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, exposição a situações violentas e conscientização sobre métodos contraceptivos. Depois, uma consulta com um ginecologista vai definir o melhor método.
“O Acolhe funciona com muita informação e aconselhamento contraceptivo, para que a jovem escolha de uma forma legítima e esclarecida qual é a melhor forma que se adequa a ela. Vai ter o implante, que é a grande novidade, mas também vai oferecer o DIU de Cobre como uma contracepção de longo prazo de duração de até 12 anos. São contraceptivos que independem de disciplina da mulher”, afirma Ana Teresa Derraik.
O projeto Acolhe conta com o apoio de 27 médicos, sendo três por dia para aplicação do implante, um na ultrassonografia e outro na ação educativa, além de dois enfermeiros e um quadro de técnicos de enfermagem. Como parte do acolhimento integrado, psicólogos e assistentes sociais também estão no projeto.
Por Brasil de Fato