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ALIANÇA ENTRE TALÍRIA PETRONE E RODRIGO NEVES: COERÊNCIA OU CONVENIÊNCIA?

A população jovem, especialmente as adolescentes negras, sofre com altas taxas de gravidez na adolescência, a desigualdade ainda será combatida?

Niterói vive um momento de transição política que está gerando intensos debates na cidade. A recente aliança entre a deputada federal Talíria Petrone (PSOL) e o ex-prefeito Rodrigo Neves (PDT), atual candidato a um novo mandato, levanta uma série de questionamentos. Historicamente crítica da gestão municipal, especialmente no campo da saúde pública, Talíria surpreende ao se aliar a uma figura central de um governo que tem sido alvo de reclamações populares.

A deputada, reconhecida por sua defesa intransigente dos direitos humanos e pelas críticas contundentes à gestão pública da cidade, sempre denunciou as precariedades no sistema de saúde de Niterói. As unidades de saúde enfrentam problemas estruturais e de gestão, como a falta crônica de medicamentos, longas filas para atendimento e uma infraestrutura debilitada. Esse cenário contrasta com o discurso otimista do governo atual, que promove a ideia de uma Niterói em crescimento e com índices de desenvolvimento de destaque no estado.

Por outro lado, a realidade para muitos niteroienses é bastante distinta. As comunidades mais vulneráveis continuam a sofrer com desigualdades sociais e deficiências no atendimento à saúde, desafios que sempre estiveram no foco das críticas de Talíria. A cidade, que já foi referência em qualidade de vida, hoje lida com problemas agravantes, como a falta de cobertura vacinal adequada e o descaso com a saúde mental e a saúde da mulher, especialmente nas populações negras e periféricas.

A aliança entre Talíria e Neves, portanto, suscita dúvidas legítimas: qual foi o critério que guiou essa mudança de posicionamento? As críticas ao governo municipal, especialmente no campo da saúde, foram uma marca da trajetória política de Talíria. Agora, sua união com o ex-prefeito Rodrigo Neves parece contradizer essa postura, considerando que muitos dos problemas que ela sempre denunciou ocorreram sob sua administração. Seria essa aliança fruto de uma estratégia eleitoral ou uma real aposta na possibilidade de mudanças a partir de dentro?

A saúde pública em Niterói continua a ser um ponto central de insatisfação. O sistema enfrenta uma precarização crescente, e os niteroienses clamam por respostas. O Comitê de Prevenção de Morte, que deveria ter papel ativo em casos de óbitos evitáveis, como os maternos, segue inerte, assim como os avanços no tratamento da saúde mental e na ampliação da cobertura de vacinas. A população jovem, especialmente as adolescentes negras, tem sido severamente impactada, com altas taxas de gravidez na adolescência, uma questão que, mais uma vez, passa longe das prioridades da gestão atual.

Nesse contexto, a aliança de Talíria com Neves levanta a questão de até que ponto as promessas de renovação política e compromisso com os mais vulneráveis estão sendo colocadas em prática. Para os eleitores de Niterói, a questão central é clara: qual o futuro que essa parceria realmente promete? Será uma oportunidade de reestruturação das políticas públicas ou apenas um alinhamento estratégico que, na prática, pode desviar o foco das reais necessidades da população?

Em um cenário de eleições municipais, as alianças políticas são parte do jogo, mas a coerência e a transparência continuam sendo exigências fundamentais. A cidade precisa, agora mais do que nunca, de uma gestão que olhe para a saúde pública como prioridade e que enfrente de maneira clara as disparidades que tanto penalizam as comunidades mais vulneráveis. Niterói tem um potencial enorme, mas esse potencial só será realizado quando os compromissos com a verdade e a melhoria das condições de vida de todos os cidadãos forem colocados no centro do debate político.

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