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‘A VIDA, QUE JÁ ESTAVA DIFÍCIL, PIOROU’, DIZ ESPOSA DE HOMEM QUE QUEBROU MANDÍBULA E BRAÇO EM ACIDENTE DE ÔNIBUS

Coletivo da linha 476 tombou na descida de viaduto, em São Cristóvão, na última sexta-feira, e deixou 26 feridos

Vítima do acidente de ônibus em São Cristóvão na semana passada, um auxiliar de serviços gerais de 38 anos luta por recuperação e justiça. Momentos antes do acidente, ele se levantou para descer do veículo. Com o tombamento, teve a mandíbula e um braço quebrados. A esposa, de 46 anos, que está desempregada no momento, disse que a família está enfrentando dificuldades. Ela relata que o marido não conseguiu apoio da empresa de ônibus e que era ele quem sustentava a família. Ele está em casa, à espera de cirurgia que deve ocorrer na próxima semana.

— A vida, que já estava difícil, piorou. Estamos vivendo um dia de cada vez, tentando lidar com isso tudo. É muito difícil. Talvez ele nunca mais volte a ter uma vida normal. A pancada foi tão forte que afundou parte do crânio. Estamos esperando Deus nos dar uma direção para lutarmos por justiça — disse a esposa da vítima.

Os nomes do casal não foram divulgados a pedido da família, que mora em uma área dominada pelo tráfico de drogas no Rio. Segundo a mulher, o marido aguarda uma cirurgia:

— Depois disso, tem o tempo de recuperação. Vamos aguardar e torcer para que ele consiga voltar à rotina.

Em nota, a Rio Ônibus, que representa a empresa Braso Lisboa, informou que o departamento jurídico da empresa está realizando contato e prestando a devida assistência a todas as vítimas do acidente.

A direção do Hospital Municipal Miguel Couto esclarece que o auxiliar de serviços gerais não está internado. “Ele foi avaliado pelo cirurgião bucomaxilofacial no sábado (7) e orientado a retornar para consulta ambulatorial esta semana, quando o edema na face estivesse reduzido, possibilitando uma reavaliação mais precisa. Na nova consulta, foi confirmada a indicação cirúrgica e o procedimento foi agendado para a quinta-feira da próxima semana, dia 19, após a realização dos exames pré-operatórios, que já estão sendo providenciados. Sobre a fratura no braço, não há indicação cirúrgica. Ele foi atendido do Hospital Municipal Evandro Freire e foi feita imobilização do membro”.

Relembre o caso

Um ônibus da linha 476 (Méier – Leblon) tombou na descida do viaduto da Linha Vermelha para o Campo de São Cristóvão, na altura do número 200, perto da Feira de Tradições Nordestinas, na noite de sexta-feira (6), deixando 26 pessoas feridas, sendo três em estado grave. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 22h34. De acordo com a corporação, as vítimas foram encaminhadas para os hospitais municipais Miguel Couto, na Gávea, Souza Aguiar, no Centro, Salgado Filho, no Méier, e Evandro Freire, na Portuguesa (Ilha do Governador).

Uma criança de oito anos, identificada como Davi Guimarães, teve o braço amputado no acidente e foi socorrida ao Hospital Quinta D’or. De acordo com a mãe, os médicos disseram que o sangue já está circulando pela parte implantada após uma longa cirurgia.

Além do menino, outros dois passageiros também sofreram amputação traumática de um dos braços.No total, 26 pessoas ficaram feridas. Dois homens que sofreram amputações estão internados no Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio. Um perdeu o braço na altura do ombro. O outro perdeu o antebraço. Ambas amputações aconteceram no lado direito. Já o menino Davi Guimarães conseguiu ter braço direito reimplantado no Hospital Quinta D’or para onde foi socorrido.

Investigação

A Polícia Civil analisa um tacógrafo, equipamento obrigatório em ônibus e vans com mais de dez lugares que registra dados de uma viagem, para descobrir se o motorista do ônibus da linha 476 (Méier x Lebon), estava ou não trafegando com excesso de velocidade quando o acidente aconteceu. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (Cet-Rio), a velocidade máxima permitida no local é de 50 km por hora.

O exame também leva em conta dados da perícia do local do acidente, feita ainda na noite desta sexta-feira. Até esta segunda-feira, 12 pessoas já haviam sido ouvidas na 17ªDP(São Cristóvão), que investiga as causas do tombamento. Segundo a delegada Márcia Beck, algumas testemunhas ouvidas relataram terem pedido ao motorista do ônibus para diminuir a velocidade, durante momentos da viagem que antecederam o acidente. Ela também revelou que investigadores recolheram imagens de câmeras para saber se alguma gravação flagrou o tombamento do coletivo. O objetivo é o de saber exatamente o que levou o ônibus a ficar descontrolado.

Por Jéssica Marques — Rio de Janeiro

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