A LUTA DE EDIR MACEDO PARA CENSURAR UM DOCUMENTÁRIO DA NETFLIX
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou uma liminar apresentada por Edir Macedo
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou uma liminar apresentada por Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, e por Renato Cardoso, seu genro e braço direito na instituição, que solicitava a retirada do documentário O Diabo no Tribunal (2023) do catálogo da Netflix. A decisão foi revelada em matéria publicada pelo Notícias da TV.
Os religiosos argumentaram que o documentário associou suas imagens a um caso judicial norte-americano envolvendo um réu que alegou estar “possuído por um demônio” ao cometer um assassinato. A obra se baseia na história real que também inspirou o filme Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021).
Argumentos rejeitados pela Justiça
Na ação, Macedo e Cardoso afirmaram que os trechos onde aparecem foram utilizados sem autorização e que a repercussão prejudicou suas imagens públicas. Porém, a juíza Paula da Rocha e Silva indeferiu o pedido, classificando a retirada do documentário como um ato de censura.
O documento judicial destacou que os trechos questionados são breves, ocorrendo nos minutos 23:40, 32:24 e 33:12 da produção, e que não há imagens claras dos rostos dos envolvidos, tornando a identificação difícil. “Ademais, considerando o curto tempo de aparição, o contexto em que aparecem, e a difícil identificação dos autores pela ausência de imagens dos rostos, entendo prescindível, a princípio, a necessidade de autorização para veiculação das imagens”, escreveu a juíza.
Ela também observou que as imagens exibidas no documentário refletem práticas amplamente divulgadas pela própria Igreja Universal: “Em rápida pesquisa na internet, é possível verificar vídeos disponibilizados na plataforma do YouTube, em conta do próprio autor Edir Macedo Bezerra, no qual ele estaria realizando a libertação de uma ‘possessão demoníaca’ em um de seus fiéis”.
Documentário segue disponível
Com a decisão, O Diabo no Tribunal continuará disponível na Netflix enquanto a ação judicial, que ainda está em andamento, não for concluída.
Apesar de procurados pela reportagem, Edir Macedo e Renato Cardoso não se manifestaram até o fechamento do texto. A decisão reacende debates sobre os limites entre liberdade de expressão e o direito à imagem, especialmente em produções audiovisuais que abordam temas religiosos e culturais sensíveis.
Por Brasil 247